domingo, 8 de julho de 2007

Crônica - Adeus Cinturinha de Pilão

Maldita matéria da Veja! Se eu não tivesse gostado tanto, juro que processava. É, processo por influência ao vício.
Estava tudo lá exposto, falando que era levinho, divertido, você pode ser quem, ou o que você quiser.
Droga, agora passo tardes inteiras alimentando esse vício. Mas é porque fica tudo tão colorido. Todo mundo é tão bonito, os cabelos parecem sedosos, as roupas parecem ter neon, e por incrível que pareça até posso voar.
Conheci um mundo onde as pessoas são felizes, se você quer algum dinheiro é só dançar, mas não que você precise realmente dele. E o melhor de tudo, é que você nem sente fome, nem sono, nem tem vontade de ir ao banheiro. E também podemos viajar léguas sem sair do lugar, em um único dia, fui para a Bahia, Nova York e uma tal de Pay Hippie.
Se eu pudesse ficaria nesse mundo a vida inteira. Não pararia nenhum um pouquinho. Mas ai logo lembro, “Poxa, amanhã tem prova de rádio e eu ainda não estudei nada”. Mas a minha obsessão por esse mundo não se abala, pois logo depois daquele momento de responsabilidade eu penso “Mas ah, ta tão legal assim, mais tarde eu estudo”. Claro que esse ‘mais tarde’ nunca chega, até a hora de fazer a prova e me dar mal.
Se tem uma coisa que me arrependo na vida, foi ter aberto a revista bem naquela página idiota com a maldita matéria. Na matéria mostrava pessoas que eram usuários do meu objeto de vício. Eram pessoas bem sucedidas, adultos, com caras sérias, como ia imaginar que isso ia acontecer comigo?! E em nenhum momento foi dito que eles eram viciados. Tá, até falava que usavam frequentemente, mas repito, em nenhum momento foi dito a palavra vício, no qual estado me encontro agora.
Claro que agora o que me resta é me tratar. Como?! Também não sei. Às vezes penso que será impossível me desligar um minuto do que tem me trazido tanta diversão, tanta felicidade.
Acho que vou pedir ajuda ao meu irmão. Ele já se livrou de várias dessas. Tenho que recorrer a alguém com experiência, pois sozinha nunca vou me desconectar. Mas só de pensar em abandonar meu avatar, meu coração fica partido.
Com meu avatar já conheci gente da Suíça, gente da Grécia, gente da Tailândia, e lugares que com certeza nunca vou conhecer na vida. E também nunca vou atingir a cinturinha de pilão que eu mesma fiz. Com certeza nunca vou ter uma roupa com asas. E muito menos mais de 1 metro e 70 centímetros.
O que mais me deixaria feliz em trazer para a minha “first life” seria não precisar trabalhar, sentar em um banquinho e ganhar 15 liddens por hora. Ou quem sabe até me teletransportar para qualquer lugar do mundo “Ah, enjoei do Brasil, vou para a China”.
Maldito Second Life! Vou ter que te deletar do meu computador. Espero nunca encontrar nenhuma lan house com ele instalado.
Adeus Dilia Tripsa. (Lizandra Cortez Gomes)

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