“Ó, pai, ó” mais um filme nacional que me deixa em dúvida pensando se sou ou não brasileira. Uma representação da cultura baiana com muito humor, festas ironias, e até mesmo tragédia.
O filme de Monique Gardenberg conta com atores de excelência nacional, como Wagner Moura, Stênio Garcia e o namoradinho do Brasil, Lázaro Ramos. A trama se passa em Salvador, Bahia, durante o último dia de carnaval. Cada personagem tem sua história separada, mas se entrelaçam a todo o momento, pois são vizinhos em um “cortiço” no Pelourinho e também porque aguardam o momento mais esperado: a última noite de carnaval. A sindica do local é o contrário de todos os outros moradores: uma senhora evangélica que odeia o carnaval.
O meu falso moralismo sulista não consegue me inserir na sociedade apresentada no filme. Um motorista de táxi casado e assanhado, que não perdoa nem um travesti; dois meninos que enganam a mãe falando que vão à igreja, mas na verdade saem na cidade aprontando várias malandragens com os turistas; uma mulher que tem uma clínica de aborto em sua casa; e a dona de um bar que dá em cima da própria afilhada são exemplos dos tipos retratados do filme.
Nesse quadro vejo a Bahia como um estado diferenciado pela forma que guarda sua cultura, mesmo, em alguns casos, sendo uma apropriação da indústria do turismo. O filme retrata como o povo baiano faz questão de nunca perder seus costumes. Um exemplo disso é a Baiana, que vende acarajé para sobreviver, a jogadora de búzios Raimunda tem em frente sua janela, uma placa “Jogo búzios, play búzios”, e o personagem representado por Stênio Garcia, Seu Jerônimo, que tem uma loja onde ele vende antiguidades.
Lázaro Ramos, representa Roque, um pintor metido a cantor. O filme mais parece um musical por conta desse personagem. Qualquer movimentação que acontece ao seu redor, ele solta sua voz desafinada e todos os outros personagens dançam a música dele. Principalmente Rosa, a morena sensual que chega do interior e tem relação sexual com Roque em público durante a festa de carnaval.
“Ó pai, ó”, é uma expressão baiana que quer dizer “olha isso”. Nenhum nome seria mais apropriado para o filme. Um “olha isso!”, para a população brasileira. Principalmente, pela experiência que tive no cinema quando fui assisti-lo.
Era domingo à noite, véspera de feriado e o cinema estava lotado. Na sessão das dez horas os filmes em cartaz eram, o nacional aqui citado, e o terror “b”, “A Colheita do Mal”. Claro que optei pelo nacional. Quando adentrei na sala, estava vazia. Dez minutos depois, quando começou o filme, também e 90 minutos depois, quando acabou o filme, somente eu saí da sala vazia.
Lázaro Ramos fez sucesso como Foguinho na novela mingau da Globo, mas não conseguiu competir com uma “Colheita do Mal” para apresentar suas tradições e a cultura de um povo, que apesar de diferente daquele visto aqui, no sul, faz parte do nosso povo brasileiro. (Lizandra Cortez Gomes)
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