domingo, 6 de maio de 2007

Critica - Olha isso povo brasileiro

“Ó, pai, ó” mais um filme nacional que me deixa em dúvida pensando se sou ou não brasileira. Uma representação da cultura baiana com muito humor, festas ironias, e até mesmo tragédia.
O filme de Monique Gardenberg conta com atores de excelência nacional, como Wagner Moura, Stênio Garcia e o namoradinho do Brasil, Lázaro Ramos. A trama se passa em Salvador, Bahia, durante o último dia de carnaval. Cada personagem tem sua história separada, mas se entrelaçam a todo o momento, pois são vizinhos em um “cortiço” no Pelourinho e também porque aguardam o momento mais esperado: a última noite de carnaval. A sindica do local é o contrário de todos os outros moradores: uma senhora evangélica que odeia o carnaval.
O meu falso moralismo sulista não consegue me inserir na sociedade apresentada no filme. Um motorista de táxi casado e assanhado, que não perdoa nem um travesti; dois meninos que enganam a mãe falando que vão à igreja, mas na verdade saem na cidade aprontando várias malandragens com os turistas; uma mulher que tem uma clínica de aborto em sua casa; e a dona de um bar que dá em cima da própria afilhada são exemplos dos tipos retratados do filme.
Nesse quadro vejo a Bahia como um estado diferenciado pela forma que guarda sua cultura, mesmo, em alguns casos, sendo uma apropriação da indústria do turismo. O filme retrata como o povo baiano faz questão de nunca perder seus costumes. Um exemplo disso é a Baiana, que vende acarajé para sobreviver, a jogadora de búzios Raimunda tem em frente sua janela, uma placa “Jogo búzios, play búzios”, e o personagem representado por Stênio Garcia, Seu Jerônimo, que tem uma loja onde ele vende antiguidades.
Lázaro Ramos, representa Roque, um pintor metido a cantor. O filme mais parece um musical por conta desse personagem. Qualquer movimentação que acontece ao seu redor, ele solta sua voz desafinada e todos os outros personagens dançam a música dele. Principalmente Rosa, a morena sensual que chega do interior e tem relação sexual com Roque em público durante a festa de carnaval.
“Ó pai, ó”, é uma expressão baiana que quer dizer “olha isso”. Nenhum nome seria mais apropriado para o filme. Um “olha isso!”, para a população brasileira. Principalmente, pela experiência que tive no cinema quando fui assisti-lo.
Era domingo à noite, véspera de feriado e o cinema estava lotado. Na sessão das dez horas os filmes em cartaz eram, o nacional aqui citado, e o terror “b”, “A Colheita do Mal”. Claro que optei pelo nacional. Quando adentrei na sala, estava vazia. Dez minutos depois, quando começou o filme, também e 90 minutos depois, quando acabou o filme, somente eu saí da sala vazia.
Lázaro Ramos fez sucesso como Foguinho na novela mingau da Globo, mas não conseguiu competir com uma “Colheita do Mal” para apresentar suas tradições e a cultura de um povo, que apesar de diferente daquele visto aqui, no sul, faz parte do nosso povo brasileiro. (Lizandra Cortez Gomes)

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