No mundo do faz de conta, o mais importante é a fantasia, a magia e o encanto que envolve todos os personagens. Num misto de ternura e alegria as peripécias da história fixam os leitores que ficam instigados em saber como acaba; em que nesse final o bem sempre vence de uma maneira ou de outra.
Na vida real, onde tudo acontece de verdade e não tem como mudar uma situação: ou a encara ou se foge dela, a fantasia, a magia e o encanto saem de cena e dão lugar ao preconceito, a violência e a corrupção. Aqui (nesse mundinho de meros mortais) nem sempre, para não dizer nunca, o bem prevalece.
A madrasta da Branca de Neve é “substituída” pelo governo, que parece apreciar a miséria e a escassez em que vive seu povo. A maçã envenenada é a falta de oportunidade que é oferecida aos jovens recém-formados; é o desespero de uma mãe que segura seu filho doente nos braços na esperança de obter uma consulta médica no “eficientíssimo” SUS; é a ilusão de um idoso que trabalhou sua vida inteira e agora, quando pretende usufruir de um direito seu valorizando cada pingo de suor derrubado, enfrenta horas e horas de fila do INSS buscando sua aposentadoria.
“É... a vida não está fácil hoje em dia”. É a indagação de milhares de brasileiros. E “sou brasileiro e não desisto nunca”, dá um ânimo absurdamente inútil, como se isso valesse alguma coisa. E então, o brasileiro carregar um fundinho de esperança, pois nem tudo está tão ruim que não possa piorar.
É insubstituível o papel da própria Branca de Neve como sendo da sociedade. Em que ela, assim como a Branca de Neve, submete-se a “exploração”: pagamento de impostos, filas e filas em lugares que mais se tem necessidade, precária condição na educação... na vida.
Será que um dia a população obterá um “Felizes para sempre” assim como a Branca de Neve? Que em sua história “dormiu” após comer uma “maçã envenenada” e tudo continuava acontecendo a sua volta e ela de nada poderia fazer? Até que um dia acorda e vê que tudo pode ser mudado e resolvido? Querendo ou não, gostando ou não, o papel de Branca de Neve realmente cabe a sociedade como uma luva, pois ESTA é a sua realidade.
Quando será que ela vai despertar e fazer alguma coisa que garanta um futuro mais promissor para a vida de seus filhos, netos? Quando será que a paz esteja estampada na cara do Bush, na cara do Rio de Janeiro, na cara do mundo? Será que se tem peito de encarar tantas “bruxas más” que andam soltas por aí? Ou ficarão na ilusão do “Príncipe Encantado” vindo em prol da salvação? (Mariana Grossi)
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