segunda-feira, 26 de março de 2007

Crítica - Obrigado Por Fumar

É sempre legal se pensar em título criativo e convidativo quando escrevemos um texto, sobre qualquer que seja o assunto. Porém não precisei utilizar deste artifício para escrever esta crítica, o nome do filme já é o suficiente.
Sarcástico, criativo e inteligente, Obrigado Por Fumar (Thank You For Smoking, 2005) é uma sátira sobre a indústria tabagista que, no filme, se utiliza basicamente do poder da manipulação de informações para conquistar consumidores.
O protagonista do filme é Nick Naylor (Aaron Eckhart), porta-voz das grandes empresas de cigarro norte-americanas, que com sua fala articulada e argumentos muito eficazes (capazes de fazer com que qualquer matemático acredite que 1 + 1 é igual a 3), luta para convencer a sociedade de que seu produto não causa malefícios a seus usuários.
O discurso de Nick é tão inteligente, bem elaborado e cativante que ele consegue não apenas levar as pessoas a acreditarem que o cigarro não é prejudicial à saúde, como também consegue fazer com que o espectador o enxergue como o “bonzinho” da história e os defensores da saúde pública como “vilões”.
O filme ainda faz diversas críticas à sociedade atual por meio de personagens secundários, como uma jornalista que se envolve com Nick e utiliza o sexo como arma para conseguir informações do lobista; um senador corrupto que se preocupa apenas em manter sua imagem; e um agente de Hollywood que aceita $25 milhões para colocar Brad Pitt e Catherine Zetta-Jones fumando glamourosamente em seu filme.
Obrigado Por Fumar é um filme que trata de um assunto polêmico presente em nossa realidade com uma grande dose de humor negro e cinismo, fazendo conceitos julgados pelo senso comum como absurdos, se tornarem motivos de riso.
Com um elenco repleto de figuras já conhecidas no meio hollywoodiano como Katie Holmes, Robert Duvall e Rob Lowe, a película de estréia de Jason Reitman como diretor de longa-metragens ganhou o prêmio Independent Spirit Awards de Melhor Roteiro, e recebeu 2 indicações ao Globo de Ouro: Melhor Filme – Comédia ou Musical e Melhor Ator – Comédia ou Musical (Aaron Eckhart).
A abertura do filme foi muito bem construída esteticamente, com o visual inspirado nos designs de embalagens de cigarro. A trilha sonora também é ótima e se encaixa com perfeição ao longa, tanto na abertura quanto no decorrer do filme, são tocadas músicas antigas que fazem apologia ao produto tratado.
Um fato curioso e de absoluta ironia a respeito do filme, é que durante seus 92 minutos de duração, nenhum cigarro sequer é aceso.
Inovadora, ousada e extremamente ácida, a comédia com um toque de documentário nos leva à reflexão e à discussão de assuntos como liberdade de escolha, ética, manipulação e o absurdo valor da mídia e do consumo em oposição ao degradado preço da moral humana.
Fica aí uma ótima dica para quem gosta de filmes inteligentes que não são tediosos.
(Fernanda Inocente)

Um comentário:

Regina disse...

Gostei Fernanda, muito boa!!!