domingo, 18 de março de 2007

ENTREVISTA - “MARINGÁ PRECISA DE UMA COMPANHIA DE DANÇA”


O bailarino e coreógrafo Sergio Oliveira, 43, foi solista do Ballet Teatro Guaíra e se apresentou na Europa e América Latina. Recentemente ele se mudou para Maringá e, aqui, quer formar uma companhia de balé para meninos.

“Maringá é a bola da vez”, comenta Oliveira sobre a grande chance de poder capacitar ótimos profissionais do balé clássico em um curso intensivo, para que no futuro atraia pessoas de fora do Estado e até mesmo do país, interessados nos espetáculos da cidade.

Em entrevista, Sergio Oliveira diz que o preconceito da sociedade afasta o homem do balé. Maringá possui apenas 7 bailarinos espalhados pelas academias, isso faz com que haja uma perda no brilhantismo de se poder assistir, por exemplo, um pas-de-deux (duos mistos). (Amanda Amaral)

Amanda – Quem é Sergio Oliveira?

Sergio - Bailarino, coreógrafo e professor de dança. Danço desde os 14 anos, o que é considerado um pouco tarde para o balé clássico. Sou nascido em Umuarama, mas fui morar em Londrina para fazer o curso de Educação Física da UEL. Perto do pensionato em que eu morava tinha uma academia de dança. E foi lá que eu comecei fazendo jazz. Por causa do preconceito, Fiz um ano de dança sem que minha família soubesse. Mas depois meus professores e colegas me incentivaram a continuar na dança, então parti para o balé.

Amanda – E esse projeto de formar uma Companhia de dança para meninos?

Sérgio – O projeto visa acabar com a idéia dominante que balé é coisa feminina. Temos que começar a mostrar o lado gostoso do homem dançando com a mulher.

Amanda - Você sempre gostou de dançar?

Sergio – Sim. Quando adolescente sempre me trancava no quarto para dançar, participava de campeonatos de dança. A dança sempre esteve em mim, mas eu não podia falar a ninguém sobre essa minha paixão.

Amanda – Como você chegou ao Teatro Guaíra?

Sergio - Com dois anos de dança eu comecei a mandar currículos. E ao mesmo tempo fui aceito no Teatro Guaíra e no Teatro Colombo que fica em Buenos Aires. Em 6 anos, com muito esforço e dedicação, consegui virar solista do Teatro Guaíra.

Amanda – Por que a escolha de Maringá para esse seu novo projeto de carreira?

Sergio – Primeiro porque minha família é daqui. Depois de deixar o Teatro Guaíra fui para Europa e, quando voltei ao Brasil viajava direto a trabalho. Então resolvi ficar mais perto da minha mãe que já está velhinha. E também, Maringá sendo uma cidade com 300 mil habitantes, ainda não possui nenhuma companhia de dança. A escolha da Academia da Nielice Camargo se deu pelo fato dela ser minha amiga e, sempre me convidava para dançar.

Amanda – E Maringá já tem um público que acompanha espetáculos de Balé?

Sergio – Realmente ainda não tem. Mas a partir do momento que se forma uma companhia de dança de qualidade, forma-se também um público.

Amanda – A preparação de menino e menina é diferente?

Sergio - Sim. Os meninos recebem um outro tipo de técnica e precisam fazer musculação. Mas é interessante terem aulas junto com as meninas.

Amanda – Então que tipo de meninos você está aceitando para a formação dessa Companhia?

Sergio - Meninos a partir de 4 aos 28 anos. Independente de raça, cor ou religião. Quero lembrar que as aulas são gratuitas.

Amanda – Você arriscaria um palpite de tempo para que a cidade comece a ter bons espetáculos e atraia mais pessoas?

Sergio - O grande problema é dinheiro. Tudo vai depender se vamos conseguir algum “paitrocínio” Bons espetáculos na cidade poderá atrair concursos e, consequentemente, reconhecimento.

Serviço: Telefone para contato: (44) 3025 4776.

Um comentário:

Unknown disse...

Ah, Amanda, muito boa a sua entrevista. Suuuper interessante, ainda mais pra quem gosta do assunto como eu. Parabéns!

Beijos