segunda-feira, 26 de março de 2007

Reportagem - Interdição desaloja comerciantes

O desmoronamento da antiga estação rodoviária de Maringá pegou a todos de surpresa. A prefeitura interditou o prédio, deixando os lojistas em “saias justas”

Quem circulou pelo centro da cidade de Maringá no dia 12 de janeiro, presenciou o desmoronamento de uma parte do prédio da antiga rodoviária do município. O incidente aconteceu em virtude da situação precária em que o imóvel se encontrava. Após o acontecimento, a prefeitura interditou o local. Cerca de 45 pontos comerciais foram fechados e dezenas de pessoas ficaram desalojadas.
O prédio foi construído na década de 60 e, desde então, nunca houve uma reforma. Após o desabamento de uma das estruturas metálicas da rodoviária, o condomínio de comerciantes fez uma reunião e concluiu que era necessário reformar o imóvel. Uma nova reunião foi marcada para o dia 7 de fevereiro, porém um dia antes, a prefeitura interditou o local.
Segundo um comerciante que não quis ser identificado, a prefeitura interditou o prédio alegando que poderia haver novos desabamentos. O resultado do laudo apresentado pela consultoria, contratada pela prefeitura, constatou que o imóvel encontrava-se em estado adiantado de deterioração, colocando em risco a integridade física das pessoas que circulavam pela área. Entretanto, o laudo apresentado foi feito em 3 horas e meia, baseado apenas em fotos.
De acordo com o comerciante, o condomínio pediu ao engenheiro civil e professor da UEM, Antonio Carlos Peralta, que fizesse um novo laudo. Essa nova avaliação mostrou que a única área com problemas era a estrutura metálica, a qual havia sido construída anos após a rodoviária e que a estrutura original é uma das mais seguras de Maringá.

Revolta
Os comerciantes estão revoltados por terem sido tirados de seu ambiente de trabalho de forma abrupta, sem tempo para se programar. “Ficamos sabendo através da imprensa que a rodoviária tinha sido interditada”, disse o comerciante. “Chegamos para trabalhar e não podíamos mais”, acrescentou.
O comerciante Reginaldo França, afirmou que a prefeitura comprometeu-se a conseguir lugares na cidade para que pudessem abrir novamente suas lojas. Promessa que ainda não foi cumprida.
Segundo o lojista Marcos da Silva Pereira, assim que ocorreu o desmoronamento, todos os vendedores tiveram que desocupar o prédio. “Tivemos que sair da rodoviária por conta própria. Não recebemos nenhum apoio por parte da prefeitura, nenhuma indenização, além de não nos disponibilizarem nenhum lugar para nos mudarmos. Se dependêssemos do prefeito morreríamos de fome”, disse.
Outro comerciante, Salam Cassado, se mudou para um novo ponto comercial. Casado está revoltado com a situação desconfortável em que todos os vendedores ficaram. “A prefeitura não nos ajudou em nada. Só estou tendo prejuízos. Na antiga rodoviária eu pagava R$500, aqui eu pago R$1.100 por mês, o aluguel é muito caro. Lá eu vendia mais, aqui o comércio é mais parado”, lamentou.
O condomínio da antiga rodoviária tentou marcar uma reunião com o coordenador de Políticas Urbanas e Meio Ambiente, Guatassara Boeira, mas ainda não foram atendidos. Boeira também foi procurado pela reportagem do Inconstrução, mas não foi encontrado.
(Fabiane de Souza e Lívia Miranda)

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