Como estudantes universitários, fazemos parte de uma parcela privilegiada da sociedade brasileira, que cresce a passos de tartaruga rumo ao desenvolvimento de seus jovens, e por conseqüência, de seu povo. Porém foi-se o tempo em que o estudante universitário significava muito mais do que um simples cidadão cursando uma faculdade. As ações estudantis de hoje se esvaziaram de qualquer conteúdo político e comunitário e as universidades passaram de centros acadêmicos para simples instituições de capacitação profissional.
Não é certo afirmar que a juventude de hoje é ‘alienada’, e que 40 anos atrás não era. Até porque todos sofreram com os anos de ditadura. Já o liberalismo econômico de hoje fez e faz a fortuna de muitas famílias brasileiras. Um dos grandes problemas da juventude de hoje é a falta de coletividade, que as próprias universidades não incentivam. São poucas as experiências que as instituições de ensino proporcionam ao estudante de entrar em contato puro e direto com a comunidade. Sem desvios ou interesses. O intercambio de informações e experiências entre estudantes de diferentes instituições também não é valorizado.
Os jovens de hoje tem opiniões tão ou mais formadas e embasadas do que os que militavam nas ruas no final da década de 60. O problema da atual 'passividade' dos jovens brasileiros está na falta de bons exemplos e na frustração daqueles que vêem a política como um mundo onde nada que se planta dá. O excesso de informação ao qual somos expostos, televisão, internet, radio e imprensa também influencia a população a não buscar a verdadeira essência dos fatos.
A função do acadêmico é enxergar e estudar a realidade social de maneira mais crítica e consciente do que simplesmente aceitar o que já vem pronto por parte da mídia. Mas a faculdade hoje, nada mais é do que uma ponte para o mercado de trabalho. Uma instituição de capacitação profissional. E não mais, um verdadeiro centro acadêmico, preocupado em formar intelectuais, no sentido real da palavra.
A universidade era aquela que formava a massa pensante do país, as pessoas que eram formadoras de opinião e de conceitos. Os grandes pensadores, capazes de discutir qualquer assunto com o mínimo de coerência. Eram eles os reivindicadores e revolucionários. Uma verdadeira classe social, a classe dos estudantes universitários. Hoje os grandes intelectuais brasileiros são aqueles que têm a oportunidade de passar por alguma universidade estrangeira, de primeiro mundo, onde a palavra ‘acadêmico’ é elevada ao seu sentido mais verdadeiro. Para mudarmos esta realidade é necessária uma reforma dos conceitos educacionais no Brasil, do primeiro ao terceiro grau. Mas enquanto a classe estudantil não pressionar o governo cobrando prioridade para a educação, ficaremos na expectativa de um futuro cada vez mais sombrio. (Natuza Oliveira - editora da segunda edição)
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