domingo, 18 de março de 2007

Artigo - A chatice política

As absurdas falcatruas no cenário político não nos causam mais nojo. Passivos, assistimos tudo e todos como se nada estivesse acontecendo. Estamos cansados dessa coisa chata que é o Brasil, sempre a mesma coisa, com político sendo acusado por carregar dólar na cueca; senador acusado pelo mesmo crime que já foi absolvido há anos atrás, no início da carreira; governador com mansão no exterior; escândalos de prostitutas em reuniões políticas; quebra de sigilo bancário de caseiro; compra de dossiê...tudo isso é muito monótono. É chato. Diante de tal cenário só nos resta protestar contra uma pessoa: o presidente americano. Tanto faz quem é o presidente. Só o fato de ser o presidente já nos revolta e nos deixa enfurecidos.

Engendramos um protesto contra o presidente norte-americano quando o assunto que ele vem tratar no Brasil, o biodisel, é um assunto lucrativo, importante para nós brasileiros e reflete uma mudança histórica na condução da política externa estadunidense.

Mobilizamos seis mil pessoas na cidade de São Paulo para protestar contra a vinda de George Bush. Seis mil. Uns mais exaltados entraram em conflito com a polícia. A festa acabou em balas de borracha, gente ferida e belas imagens que nos remeteram ao nosso clima de ditadura.

Arquitetamos cuidadosamente esse protesto que em todo o Brasil movimentou cerca de vinte e três mil pessoas, mas nós não conseguimos mobilizar cem pessoas para ajudar a custear uma morada digna para uma família carente cujo pai está desempregado. Assistimos o projeto populista barato que é o Bolsa Família endividar o Estado à médio prazo e dizemos adeus à solução ideal para o Nordeste, que é investir em desenvolvimento e na criação de escolas técnicas.

Nós mobilizamos vinte e três mil pessoas –repito: vinte e três mil pessoas- mas não somos capazes o suficiente para juntar meia dúzia de cidadãos e comprar uma cesta básica para presentear outra família, de outros pais desempregados.

É desnecessário citar os casos de corrupção, improbidade administrativa, tráfico de influência, formação de quadrilha, nepotismo, lavagem de dinheiro e peculato que não nos revoltam. Por que não? Por que ainda insistimos nessa coisa infantil que é o anti-americanismo exacerbado e não percebemos os nossos próprios erros históricos? Será tudo isso muito complexo? Será que não tem tanta graça?

A verdade é que aceitamos passivamente a nossa incompetência administrativa, jurídica, cultural e política. É verdade, somos um fracasso. Finalmente, um presidente americano reconhece trinta anos de pesquisa cientifica em cima do biodisel e lá estamos nós, protestando. Empunhando cartazes de Bolívar e Guevara como garotos de oitava série. Os EUA merecem o nosso total respeito. Paulo Salim Maluf pode ser preso se adentrar o território americano. Vamos protestar? (Alexandre Gaioto)

Um comentário:

fernanda disse...

Grande Gaiotto! Mandou bem, rapaz!
E George Bush também... Veio ao Brasil falar sobre "álcool" com o maior expert no assunto: LULA!