domingo, 24 de junho de 2007

EDIÇÃO 14 - DE 25 DE JUNHO A 1º DE JULHO

Editorial - Diversidade no Inconstrução

Nesta 14° edição do “Inconstrução”, um dos destaques é uma notícia da Aline Bueno, que fala sobre a repercussão da dança, e de como ela tem crescido. O balé, é uma dança tradicional que exige muito equilíbrio, postura e verticalidade corporal, abre novas portas.
Em Maringá, academias abrem cursos experimentais. Além da dança, exposições e amostras também ganham espaço em Maringá. Sempre acontece exposições no Calil Hadad. Uma delas é a exposição de “Manga” registrada na foto-legenda pela Lizandra Gomes.
A reportagem desta semana foi realizada por Natuza Oliveira, e trata de um tema muito interessante e bem atual, a Campanha do Agasalho. Esta campanha é realizada todos os anos em Maringá. Através dela percebemos o tamanho da solidariedade dos maringaenses, pois a cada ano que passa campanha tem arrecadado mais agasalhos.
O filme “Os 12 Trabalhos” que foi apresentado em Londrina, será criticado por Ivan Nishi. “Os 12 trabalhos”, é dirigido por Ricardo Elias. Conta a história de um jovem recém-saído da Febem, que arruma um emprego como motoboy em São Paulo. Mas em seu período de experiência ele precisa realizar 12 trabalhos pela cidade. (Joyce Camanho)

Começou. Estranho tudo era. Nada tinha um sentido lógico. Nada tinha cor. Como se não fosse real. A primeira impressão que tive foi que estava em um lugar conturbado, tenso. Estresse total. Pessoas com pressa. Até que tudo começou a ter vida. As cores começaram a ficar mais nítidas. Os sons ecoavam mais altos. As pessoas não andavam mais rápido como há instantes atrás, passos lentos tomavam o lugar da correria.

Foi então que percebi que não se tratava de um lugar conturbado, mas sim que eu estava em um gigantesco parque de diversão. Pessoas conversando, dando gargalhadas, muita festa. Bexigas suspensas no ar. Tudo muito colorido, muito animado. A primavera estava se aproximando e o cenário que as flores decoravam estava propício à tamanha felicidade.

Resolvi então caminhar, achar alguém que conhecia. Caminhei. O espírito de alegria e fraternidade tomava conta do meu “Eu”. Brinquei com o palhaço. Chupei sorvete. Comi algodão doce. Caminhei mais. Senti como se tivesse voltado aos 5 anos de idade.

Tudo era tão mágico, tão surpreendente, coisas que nunca tinha dado valor, tornavam-se essencial. Como se todas as coisas estavam ali... a minha espera. Mas por um momento tudo paralisou. Meu pensamento e olhar se congelaram ao dar de cara com a coisa mais fantástica que tinha visto naquele parque.

Era extremamente grande, colorida, aquela multidão em volta vibrando, com os braços e olhos voltados para cima. “Como não tinha dado valor a uma coisa tão maravilhosa antes”, pensei. Quando era pequeno não via muita graça naquilo. Mas o clima que estava em sua volta, tudo, fez com que esse pensamento voasse, fosse para muito longe. Estava num estado de total liberdade. Estava boba. De boca aberta.

De repente um barulho irritante começou. Não parava mais. Era contínuo. Foi tirando a música e tomando conta de tudo. Os sons foram acabando. As risadas foram perdendo seu eco. E o insuportável barulho chegando cada vez perto. Até que me deu conta de que já estava na hora de acordar. Deixar a magia para um outro dia. Pois agora tinha um longo dia pela frente. Monotonia. Cansaço. Preocupação. Tudo de novo.

Mas uma coisa seria diferente: minha percepção em determinadas coisas tomava novos contornos, novos olhares... nova vida. (Mariana Grossi)

Crítica - Vida sobre duas rodas

Um jovem recém saído da Febem arruma emprego como motoboy em São Paulo. Mas em período de experiência ele precisa realizar 12 trabalhos pela cidade. Heracles, protagonista do segundo filme de Ricardo Elias, concentra todas as histórias a que um motoboy pode enfrentar em sua, muitas vezes, curta carreira. O perigo e a adrenalina fazem parte do cotidiano desses heróis da vida moderna. Afinal, nenhuma grande cidade brasileira pode sobreviver sem as pizzas e os formulários necessários para o desenvolvimento social. O filme do cineasta paulistano retrata uma São Paulo vista de um ângulo diferente para aqueles que estão acostumados ao conforto do ar-condicionado dos 4x4.

O documentário “Motoboys Vida – Loca”, de Caíto Ortiz, lançado em 2004, trata do mesmo assunto que “Os 12 trabalhos”, o retrato de uma classe que enfrenta situações desumanas de trabalho e ao mesmo tempo consolida-se como parte integrante das grandes cidades brasileiras. Os motoboys Heracles e Jonas do longa metragem de ficção, contam um pouco do cotidiano desses grandes inimigos dos carros, que independentemente de quem tenha razão nesta guerra diária, têm de coexistir para que a metrópole não pare. O que nos leva a perceber que nessa guerra o lado mais fraco tem duas rodas.

O filme de Ricardo Elias participou de diversos festivais pelo país e no exterior e ganhou diversos prêmios dentre eles ganhou o prêmio de 3º Melhor Filme no Festival de Havana; ganhou 5 prêmios no Cine PE - Festival do Audiovisual, nas categorias de Melhor Diretor, Melhor Ator (Sidney Santiago), Melhor Ator Coadjuvante (Flávio Bauraqui), Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora e ainda o prêmio de melhor ator para Sidney Santiago(Heracles) no Festival do Rio 2006.

Portanto, uma ótima oportunidade para quando o filme chegar às locadoras, pois apesar de estar sendo exibido em outras cidades, dificilmente o longa vai chegar aos cinemas maringaenses. Assim como inúmeros outros trabalhos do cinema nacional que trazem a tona questões de interesse público, discutindo e acrescentando novas formas de pensar os problemas da sociedade. E, com a atual discussão na câmara de vereadores do município de Maringá a respeito da legalização do serviço de “Motoboys”, permanece a discussão: a importância da cultura e seu papel dentro da sociedade. (Ivan Nishi)

Notícia - “Velhinhos” precisam de mais atenção

Grande parte dos idosos do Lar dos Velhinhos afirmam que estão no asilo, por não quererem incomodar seus familiares


Fabiane de Souza

Sem nada para fazer e ninguém para conversar, “velhinhos” ficam horas sentados


Conformismo e solidão. Estas são as palavras que simplificam a descrição dos idosos do Lar dos Velhinhos de Maringá. Lá, eles são calmos e conformados, têm como distração diária a conversa e os programas televisivos. Enquanto algumas senhoras costuram, outros tentam se distrair conforme podem. No Lar, um dia da semana é estipulado para que eles saiam, sempre às quintas - feiras das 9hs às 10hs. As visitas são aos domingos e feriados das 14hs às 16hs.

Animada

Laurentina de Oliveira, 70, está no asilo há três anos. Laurentina é natural de São José dos Campos, casou-se muito jovem, teve três filhos e acabou se mudando para Jacarezinho, na casa da sogra.

Devido à falta de emprego e em busca de novas oportunidades, ela e seu esposo vieram tentar a sorte em Maringá, deixando para trás seus filhos com a sogra. Os anos se passaram e Laurentina sofria muito ao lado do marido, não devido às dificuldades financeiras, mas com o alcoolismo. “Ele judiava muito de mim, me batia sempre que lhe dava vontade. Não agüentava mais aquela vida... então larguei dele e arrumei outro homem”, disse.

Dali alguns anos, Laurentina teve notícias de seus filhos e sofreu muito ao saber que dois deles haviam falecido. “Foi um choque quando soube que meus filhos queridos tinham morrido. Só sobrou o meu Jair. Deixei ele aos sete anos na casa de minha sogra e nunca mais o vi”, lamentou.

Laurentina passou a ter uma vida nova com o seu novo companheiro. Vieram à Maringá e pagavam aluguel de uma casa próxima à Catedral. “Depois de seis anos casada, meu marido veio a falecer de câncer. Não tinha como continuar pagando o aluguel. Então um padre me ajudou me trazendo para este asilo”, argumentou. “Todos os meus familiares estão bem, com a vida ganha. O dinheiro que eles têm dá para viver bem e ainda sobra, mas eu não quero o dinheiro deles, estou bem assim, só falta me acostumar com o asilo, pois faz pouco tempo que estou aqui”.

Laurentina é uma senhora bastante disposta. Tem uma tatuagem em seu braço direito feita há 15 anos por seu primo e gravada com o nome dele. Segundo ela, há muito ainda para se aproveitar da vida. “Um padre me trouxe aqui e eu acabei gostando. Não me acostumei ainda, mas aqui é bastante animado aos domingos. Me divirto com os bailes. Eu ainda tenho força e coragem para limpar a casa, se eu achar um bom companheiro, com uma casa ‘zeladinha’ e que goste de mim, eu com certeza encaro”, disse.

Prisão

Lourival Naivert, 67, está no asilo há quase quatro anos e sua única família são seus dois irmãos, mas ele não gosta da falta de liberdade que o asilo oferece. “Passei a minha vida inteira livre, e agora estou preso. A gente fica pensando como está sendo lá fora. Fechados aqui, parece até que cometemos algum crime”, disse.

Lourival sofreu de hérnia de disco e ficou com a perna direita menor. Segundo ele, sempre teve bom relacionamento com os seus irmãos. “Nunca briguei com eles. Esse é o segundo asilo que vivo e minha irmã sempre pediu para que eu fosse morar com ela. Mesmo que eu não goste de viver aqui, na idade que estou não quero incomodar ninguém”, comentou. “Os chaveirinhos de miçangas que eu faço aqui são a minha distração, meu entretenimento, senão acho que ficaria louco sem ter nada para fazer, além disso, com eles ganho até um dinheirinho extra”.

Quitéria Olímpio Maria da Conceição está no silo há mais de 10 anos, e assim como Antonieta, não recorda de sua idade. Ela é natural de Pernambuco. Todos seus parentes moram no Norte do País. “Eu vim tentar a vida aqui, acabei casando e ficando viúva. Nunca mais tive contato com meus irmãos, eles nem sabem que eu estou aqui. E como não pude ter filhos, acabei ficando sozinha no mundo”, lamentou. “Mas eu vou fazer uma novena pra algum santo, para meus irmãos virem aqui me buscar. Eu não gosto de ficar aqui, não tem nada para fazer... Mas eu prefiro morar aqui do que na rua. Eu tenho uma sobrinha em Paiçandú, mas ela é ruim e eu não quero incomodar ela”.

Visitas

Diferente de Laurentina e Lourival, a mineira Maria Antonieta Alves da Silva, sempre recebe visita nos domingos. Ela não se recorda de sua idade nem desde quando vive nos asilo, mas segundo ela, faz muitos anos. O que se sabe de Antonieta é que apesar de toda a tristeza oculta em seu coração, possui um brilho radiante e contagiante no olhar. “Toda a minha família está com Deus, meus pais morreram, minhas irmãs, meus filhos gêmeos e meu marido. Todos foram adoecendo e morreram um a um”, disse.

Antonieta adora viver no Lar dos Velhinhos. Segundo ela, as irmãs são boazinhas e suas companheiras compreensivas. “Gosto muito de viver aqui, ninguém me amola. Nunca imaginei que viria parar em um asilo, mas graças a Deus não estou sozinha. Tenho muitos amigos”, argumentou.

Antonieta apesar de ter uma alimentação saudável, possui a saúde frágil. Frequentemente sente fortes dores de cabeça e na perna. “Já fui muitas vezes ao médico, mas mesmo assim não me queixo. É bom ter amigos. Parece ser besteira... mas sempre que preciso de um copo d’água alguém me socorre, no dia de visita, apesar de não ter família, meus amigos e minhas ex-vizinhas me visitam, isso me deixa muito feliz”, comentou.

Outra moradora do asilo é Maria Bárbara Maia, 84, ficou viúva duas vezes e é mãe de três filhos. “Eu tenho a memória fraca, não sei quando vim para cá. Eu sei que tinha quatro filhos, um morreu. Todos os domingos eles vêm me visitar e me leva pra ver os parentes. Eu vivo aqui porque eu não quero dar trabalho pra ninguém. Além disso, eu sou feliz assim”.

41 anos de asilo

O Lar dos Velhinhos foi fundado no dia 8 de Maio de 1966, pelo Rotary Club, que mais tarde entregou o Lar para as irmãs da Imaculada Conceição - congregação de freiras. A irmã Firmina foi quem recebeu a chave do Lar dos Velhinhos e desde então é diretora do lugar. Este ano ela completa 41 anos de administração.

Segundo Sandra Regina Gardiolo Nardo, secretária da irmã Firmina, o asilo possui capacidade para 50 idosos e no momento todas as vagas estão preenchidas. “O Lar é mantido através de doações, promoções, ajuda do governo e o benefício dos vovôs”, disse Sandra. Cada idoso disponibiliza R$380, sendo que 20% do dinheiro, os velhinhos podem dispor conforme quiserem.

A secretária disse ainda que a prefeitura ajuda com seis funcionários de serviços gerais e uma renda mensal, a qual ela não quis dizer o valor. “Não posso dizer quanto eles nos repassam, mas não é muito dinheiro não”, afirmou.

Quando algum idoso fica doente é encaminhado para o SUS. No asilo existe uma sala específica para esses doentes com uma enfermeira de plantão. São quatro enfermeiras, que trabalham 12 horas e revezam com as demais. No asilo, não há psicólogos, somente a colaboração de trabalho voluntário. (Fabiane de Souza)

Notícia - Público de espetáculo de Ballet decepciona

No último dia 17 de julho foi realizado um espetáculo de dança da Academia Nielici Camargo. As expectativas para o evento foram cumpridas, mas a professora e diretora da Academia Nielici Camargo não esconde o descontentamento devido ao número de pessoas que compareceram ao teatro. “A única coisa que me deixou desanimada foi o números de pessoas presentes. Esperava mais”, comentou Nielici.

O evento que tinha entrada franca e contava com a presença de bailarinos profissionais não foi suficiente para lotar o Teatro Calil Haddad, que tem capacidade para 790 pessoas. Para Nielici o povo maringaense ainda não esta preparado para esse tipo de apresentação. “Eu achei que o teatro ia estar lotado. Foram distribuídos 1600 convites. Compareceram ao espetáculo, no máximo, 500 pessoas”, diz Nielici.

A apresentação teve a participação dos professores Sérgio Oliveira, Samira Crema, Isabel Domit e dos alunos estagiários da Academia. A direção geral ficou por conta de Nielici Camargo e do Coreógrafo Sérgio Oliveira. A música foi uma criação especial de Roberto Burguel feita exclusivamente para o espetáculo.

O evento teve o patrocínio da Usina de açúcar Santa Teresinha e o apoio da Prefeitura de Maringá, Urbamar, Gildo produções, Gráfica Lisboa e O Diário de Maringá. (Aline Bueno)

Fotolegenda - Olhos grandes para te ver melhor


A exposição de mangás, realizada no Calil Haddad por desenhistas maringaenses, está quebrando o velho tabu de que mangás são quadrinhos eróticos japoneses. Desenhos de pornografia nipônica, na verdade, são os Hentais. O mangá surgiu das mãos do artista japonês Katsushita Hokusai, em meados do século XIX. Ele desenhava histórias em quadrinhos com fatos cotidianos. Mas, o gênero, só se consagrou em 1946 com a H.Q. “A Nova Ilha do Tesouro” de Osamu Tezuka. Foi no ocidente que o mangá se tornou um tipo especifico de quadrinho. A palavra, em sua essência, significa “desenho humorístico”, apesar de abordar diversos assuntos e propor valores humanísticos. Foi Tezuka quem arregalou os olhos dos personagens. Ele achava que os olhos expressavam os mais diversificados e intensos sentimentos. (Lizandra Cortez Gomes)

Entrevista - A ironia de Mister Lúdico e os Morféticos




A banda paulista Mister Lúdico e os Morféticos esteve em Maringá no último dia 16 para fazer um show no Pub Fiction Bar juntamente com a também paulista The Tickets. Formada em 2006 em São Paulo pelos itanhaenses Mister Lúdico e Amadeu Coiote e pelo paulistano Rafa Menezes, a banda tem uma demo com quatro músicas e planeja lançar o primeiro álbum – independente – no mês que vem.

Apesar da pouca idade, a banda já é bem conhecida na cena independente nacional. Tal fato se deve principalmente às aparições de seus integrantes em programas da MTV como Quebra-Galho, VidaLog e Gordo Freak Show, além da participação, em novembro de 2006, no quadro Banho de Estúdio, do programa TramaVirtual, exibido semanalmente pelo canal Multishow.

Durante sua passagem por Maringá, mais precisamente antes do soundcheck no Pub Fiction, a banda falou sobre a cena de São Paulo, a origem do curioso nome e as participações nos programas da MTV. (César L. Miguel)


Como foi o começo da banda?

LÚDICO Eu e o Amadeu, a gente já tem banda lá em Itanhaém desde sempre. Ele foi para São Paulo há dois anos e eu fiquei “moscando” em Itanhaém, fazendo música. Aí ele me arrumou um emprego em São Paulo, fui para lá, passamos as músicas, arrumamos o Rafael no orkut e montamos a banda: Mister Lúdico e os Morféticos.

Quais eram os empregos?

LÚDICO Até hoje a gente é técnico em áudio no Estúdio ProduSom, lá em São Paulo.

COIOTE A gente fica passando o som do Fábio Jr.

E quanto ao nome da banda, de onde veio?

LÚDICO Não sei. Então, tudo funciona da seguinte forma: a gente às vezes quando está andando, a gente não fica prestando muita atenção à nossa volta. A gente às vezes é levado (sic), por ironia do destino ou levado por certas substâncias, a enxergar coisas além. Eu estava andando com meu amigo índio na rua e me veio na mente: Mister Lúdico e os Morféticos! Sendo que morfético eu sabia por causa que a minha avó, ela falava que quando os “tiozões” jogavam baralho, eles falavam: “joga esse três aí, seu morfético!”. Sabe? Tipo de lazarento também, que era leproso. Eu gostei do nome e acho que isso foi uma coisa assim, entendeu? Mister Lúdico e os Morféticos. E lúdico é relativo a jogos, brincadeiras e diversão e eu sempre fui um “nerd” muito divertido. Até ir embora para São Paulo que aí foi desgastando meu espírito. Mas enfim, a gente sempre supera.

Mas você tem um amigo índio?

LÚDICO Tenho. O meu amigo índio ele fica o dia inteiro tentando cortar os fios dos postes porque ele quer acabar com as empresas de telefonia. Ele é totalmente louco.

Recentemente você participou do programa Quebra-Galho, da MTV, onde eles dizem te ajudar com apenas 50 reais. Eles te deram uma passagem de ida para Varginha e te indicaram um guia. Você conseguiu ver algum ET?

LÚDICO Isso aí foi uma parada mó legal da MTV. Aquele lugar tem umas paradas loucas mesmo. Toda vez que ocorreu uma manifestação de ET ocorreu também uma “pá” de coisas naturais, tipo tempestades e furacão. E eu fiquei sabendo pelo carinha que me acompanhou lá que aconteceu uma “pá” de coisas que ficou mantida debaixo dos panos pela própria imprensa e pelo poder público de lá para não causar um alarde coletivo. Mas eu não fui já programado... “Tá, vou ver!” Dentro de mim eu sabia que não ia ver nada, mas eu acreditava. A gente tem que acreditar mais no que a gente sente, mesmo se a gente não sabe explicar isso. E lá aconteceram coisas muito incríveis. O ar é diferente e o céu é tipo um espelho do espaço mesmo, você consegue ver tudo lá: muitas estrelas a mais e muitas coisas divertidas voando lá em cima.

COIOTE Posso fazer uma constatação? A gente reparou na viagem de van que não há céu como o do Paraná.

LÚDICO É verdade.

COIOTE Eu constatei hoje que realmente o sol é um astro. É o astro-rei. Porque ele deu um espetáculo do começo da viagem até o fim. Nossa!, coisa fantástica, cara! Durante a tarde o céu lindo e maravilhoso, foi... foi entardecendo... Nossa!, foi incrível!

LÚDICO Descobrimos que foi no Paraná que tiraram a foto do Windows XP.

COIOTE Aquelas colinas dos Tele-Tubbies.

Voltando ao Quebra-Galho, você só gastou 50 reais? Isso é uma mentira, não é?

LÚDICO Como eu não assinei nada que eu tinha que ficar quieto e, se eu assinei, eu não lembro então eu não me importo... Não foi (sic) 50 reais nem f...! Eu cheguei lá, comi igual um cavalo. Fiquei num hotel que eu tenho certeza que caberia todo mundo aqui confortavelmente (contabiliza as mais de 10 pessoas em volta) e fiquei assistindo “Os Três Patetas” a madrugada inteira. Foi muito legal mesmo.

Então é uma farsa?

LÚDICO Total e plena.

RAFA Como você vai e volta de Varginha com 50 reais? Só na passagem de ida já vai o dinheiro todo.

A música “Na Praia Com Você” é uma das que os fãs da banda mais gostam. Como foi composta?

LÚDICO Eu tinha uma namorada em Itanhaém e ela foi a única namorada que eu não fazia terrorismo e que eu gostava de verdade. Só que ela era filha do cara mais rico e idiota da cidade e eu era meio idiota, sempre fui. E ele proibiu a gente de namorar, aí eu fiz essa música criando uma praia utópica onde nós viveríamos felizes e faríamos coisas legais. E a música “Devótcha Maldita” eu fiz para ela também quando fizeram uma lavagem cerebral na cabeça dela e ela começou a me ignorar e a me tratar mal.

Nessa mesma música, em meio a pedidos de desculpa e convites para que ela dance Elvis com você, você diz “tá, o Batman não existe... pra você”. O Batman existe?

LÚDICO Claro. Eu acredito que sim. O Batman, assim como o Tex Willer, é um personagem que passa muitos ensinamentos para as pessoas. Eu, que não tive uma figura paterna, busquei no Batman essa figura. Em quem me espelhar.

RAFA Então o Alfred era um vovô para você?

LÚDICO Era. E o Alfred era também médico de guerra. Ele poderia te operar com esse copo (pega um copo plástico com tampa metálica na mesa).

Vocês almejam tornar-se ou consideram-se rock stars?

COIOTE Não, não. Se soubesse as condições que a gente vive... Não vou dizer também que os Ramones viviam em condições fabulosas...

LÚDICO Os Ramones nunca foram rock stars. Rock stars são o Paul Stanley, o Gene Simmons (ambos do Kiss), Axl Rose (do Guns N’ Roses), esses caras... A gente não é rock star nem f..., e mesmo tento dinheiro eu não vou ser. Eu vou gastar todo meu dinheiro em gibi, em discos e em uma casa na praia e um violão e uma prancha long e um macaquinho. Só. E mais nada.

Você sabe que é contra a lei ter animais silvestres, não?

LÚDICO Mas eu vou ter um macaquinho como amigo. Ele vai ter o quarto dele e tal.

Como é a cena independente em São Paulo?

COIOTE É uma panelinha do c...! Fica mais restrita à Rua Augusta e a galerinha que trabalha na produção da MTV. Rola bastante banda cover, mas para música própria, para você conseguir espaço é bem difícil. E quando tem espaço o cara quer que você já leve público, encha a casa. É bem complicado. Rola um certo (sic) descaso dos bares.

Mister Lúdico e os Morféticos fazem parte dessa panelinha?, vocês já participaram de vários programas na MTV.

LÚDICO Isso aí foi assim: tem um amigo nosso que é roadie (técnico de palco) da banda. Ele é roadie de outra banda que chama Paura que ia tocar no programa do (João) Gordo (o programa Gordo Freak Show). “Meu, vamos lá. Só para ir ver a gente.” A gente foi para ver a banda. Aí as minas da produção viram a gente, gostaram, pegaram o nome, falaram que iam fazer não sei o quê, “vocês vão ficar aqui na frente”. Aí o João Gordo brincou com a gente até. Ele falou assim: “que ano vocês acham que vocês estão?”. Aí eu falei: “Sessenta e nove”. Aí ele olhou pro Amadeu e falou: “é hippie!”. Foi isso, mas já bastou. Porque a gente não tinha contato nenhum até então.

Aí o Amadeu fez o VidaLog, eu fiz o Tribunal de Pequenas Causas (Musicais) e esse Quebra-Galho. Aí a gente pegou contato, conheceu gente lá dentro. Mas a gente conseguiu isso na raça, indo lá e dando a cara. Não foi nada de pegar o telefone: “ó, então, eu ‘tô’ com a minha banda, eu quero aparecer aí, beleza?”.

Para datas de shows, notícias e as músicas da demo acesse www.myspace.com/misterludico.

Reportagem - Campanha do agasalho mostra a solidariedade do povo maringaense


Kiko Vieira - PMM

A presidente do Provopar, Luiz Pupim, recebe doações para campanha do agasalho

O Provopar de Maringá lançou a campanha "O frio congela, a fraternidade aquece", no final de abril. A campanha, que é destinada à arrecadação de agasalhos e cobertores para serem doados à entidades de Maringá e região, terminou essa semana com um mutirão no Ginásio de Esportes Chico Neto para organizar as peças arrecadadas. Vários pontos da cidade, como shoppings, mercados, lojas, praças e escolas arrecadaram essas doações e repassaram para o Provopar, que por sua vez distribui para as entidades cadastradas. Com o tema "Inverno Mágico Maringá", a campanha também contou com mutirões de arrecadação, realizados por membros do Tiro de Guerra da cidade, que passaram em residências de determinados bairros recolhendo as doações.

A quantidade de roupas e cobertores que cada instituição irá receber depende da demanda e solicitação, das próprias casas assistenciais que serão beneficiadas. A campanha chamou muito a atenção dos maringaenses, principalmente pelo caminhão de bombeiros localizado na frente da catedral, com o slogan da campanha. A estimativa é de aumentar a quantidade de toneladas arrecadadas em relação ao ano passado, 28 toneladas. Principalmente porque o número de postos de arrecadação aumentou, e o frio este ano chegou mais cedo e mais intenso do que nos anos anteriores.

Fernanda Degan, gerente de marketing do Shopping Cidade, um dos pontos de arrecadação da campanha, declarou que este ano foram arrecadadas 10 vezes mais doações em relação á 2006. Tudo isso graças à divulgação do próprio shopping, através de sua central de relacionamentos, e iniciativas como bingos e apresentações musicais agendadas para chamar a atenção do público para a causa.

Foram enviadas ao Provopar entre os dias 29 de abril e 1 de junho cerca de 20 caixas lotadas. As caixas para doações ficavam em pontos estratégicos dos locais de arrecadação. Geralmente na entrada e saída dos estabelecimentos, com o slogan da campanha. "As doações superaram as expectativas, uma kombi lotada foi encaminhada ao Provopar", declarou Degan. Entretanto, ela ressaltou que muitas roupas doadas não foram aproveitadas, pois, se tratavam de peças muito velhas, algumas rasgadas e sem condições de uso. "Até peças íntimas foram deixadas", revelou.


Mais divulgação e renovação fortaleceram a campanha

A chegada de Luiza Pupin à presidência do Provopar em 2005, aumentou significamente o número de postos de arrecadação e a divulgação da campanha. "O nosso objetivo não é apenas divulgar a campanha, e sim trabalhar a solidariedade do povo maringaense" afirmou Cristina Marangone, que trabalha há mais de vinte anos na prefeitura e é uma das coordenadoras da campanha. "Desde que trabalho aqui existe a campanha do agasalho, mas ela nunca foi tão trabalhada quanto agora".

Carmem Zenetti, moradora do bairro Jardim Novo Horizonte declarou que faz questão de doar sempre que pode. "Dôo sempre para o Provopar e para o Hospital do Câncer, não espero a campanha começar não. Sempre que tem alguma coisa sobrando em casa, panela, calçado ou roupa eu levo lá." confirma a dona de casa que garante que a confiabilidade nas entidades é principal "Não acredito em nada que me peça dinheiro. Se é pra hospital, creche ou albergue o que importa é a comida, roupa e remédio, e é assim que eu ajudo. E ainda faço questão de eu mesma entregar, para saber que não é trambicagem", exclamou.

Mas Luiza Pupin explica que a campanha terá um fim porque encerram as arrecadações nos postos credenciados, mas não terminam as doações e nem o repasse. A prefeitura continua recebendo doações o ano todo. Informações no Provopar-Maringá telefone 3221-1241. (Natuza de Oliveira)

Notícia - Show do Henrique Cerqueira supera as expectativas

Nessa terça-feira (12) aconteceu o show “Pensando em você”, de Henrique Cerqueira, no teatro Marista às 20h. O evento superou as expectativas, lotou todas as cadeiras e corredores do teatro.

Cerca de 100 pessoas acabaram ficando do lado de fora, pois os ingressos esgotaram, algumas ficaram nervosas e agitadas, mas não houve nenhum tumulto muito grave. “Eu queria muito ter conseguido entrar, esquecia de comprar o ingresso antes. É uma pena que eu não consegui, mas agora vou prestar bastante atenção para da próxima vez comprar antes e conseguir assistir”, afirma Gabriel Rocha, 17.

O evento trouxe músicas gospel românticas, foi um ótimo programa para casais já que aconteceu no dia dos namorados. Houve também uma participação especial da banda Estação de Rádio, que toca reggae gospel.

“Foi um evento super divertido, ao mesmo tempo em que foi bem romântico, com direito até de declarações de amor, quem estava solteiro deu pra aproveitar. É uma pena que algumas pessoas não conseguiram entrar, pois estava muito bom, elas perderam, mas isso é um aviso pra da próxima vez não deixarem para comprar o ingresso de última hora. Quase que eu não consegui entrar também, não esperava que ia lotar o teatro”, diz Thays Amanda Leal, 15. (Beatriz Romão)

fotolegenda - Tarifa do transporte coletivo aumenta, consumidor é pego de surpresa

As pessoas que fazem uso do Transporte Coletivo Cidade Canção, (TCCC), em Maringá acordaram na manhã do dia 11 de junho e se depararam com o aumento da tarifa do transporte na cidade. É claro que não foi por falta de aviso, mas há aqueles que dizem que não ouviram falar da mudança, exceto aqueles que ouviram há um ano o tal do comunicado de aumento que não ocorreu. O aumento previsto em decreto nº 375/2007 pela prefeitura municipal, mudou a tarifa de R$ 2 para R$ 2,20 em dinheiro. E o consumidor afirma que para uma cidade do tamanho de Maringá, com esse novo preço, o jeito é investir em um carro novo ou andar a pé. (Marco Aurélio de Morais)

domingo, 17 de junho de 2007

EDIÇÃO 13 - DE 18 A 24 DE JUNHO

Editorial - Liberdade de imprensa: uma conquista justa

Trabalho, seriedade e muita dedicação. É principalmente, com estes ingredientes que chegamos a 13ª edição do Inconstrução. Durante este período - pouco mais de dois meses - levamos ao leitor informações diversificadas como: política, entretenimento, atualidades, cultura, entre outras.

É com orgulho que redijo este editorial, pois, aqui deixamos a opinião do nosso veículo e nossa visão sobre determinados assuntos. Aproveito para deixar o nosso muito obrigado aos leitores que nos tem acompanhado e acreditado em nosso trabalho.

Hoje, vamos comentar sobre um assunto que revolucionou a impressa no Brasil: ´a liberdade de imprensa´ que foi comemorada no dia 7 deste mês. Aliás foi uma conquista mais que justa, muito sofrida por sinal. Através desse marco histórico conquistamos o direito de levar a informação ao público e ser livres para informar.

Na época do regime militar, fazer jornalismo era uma missão quase impossível. Nas redações havia militares responsáveis em selecionar o que o veículo publicava ou deixava de publicar. Qualquer conteúdo que, direto ou indiretamente atingisse o governo era excluído.

Em algumas situações, os editores como forma de expressar a censura ao leitor, publicavam receitas de culinária em espaços onde matérias deveriam ser publicadas. Foi uma época em que muitos jornalistas chegaram ser assassinados. Porém este martírio terminou no final da década de 80 com o final da ditadura militar. A partir daí a imprensa passou a conquistar cada vez mais seu espaço.

Apesar de já ter vencido censuras impostas pelo regime militar e muitas outras, na atualidade, a liberdade de imprensa encontra-se ameaçada em razão do monópolio crescente dos meios por grandes empresas transnacionais de informação e entretenimento. No Brasil, são vários os fatores que impedem o exercício de uma imprensa livre, sem vínculos econômicos e políticos.

A concentração da propriedade dos meios nas mãos de poucas famílias. A falta de escolarização da população e a limitação do consumo de produtos culturais. A ausência de crescimento econômico que dê sustento e autonomia às empresas de porte médio, o que leva jornais, principalmente do interior, a servir como braço de políticos ou do governo.

Com a liberdade de imprensa muita coisa mudou. Se compararmos com a imprensa brasileira do início do século XX, tivemos uma grande evolução. É muito melhor, inclusive, que a imprensa da década de 1970, referenciada por muitos pela combatividade durante o Regime Militar, combatividade essa que a literatura recente tem questionado.

Com o passar dos tempos, a imprensa se profissionalizou e passou por processos tecnológicos, como a informatização por exemplo, o que deu maior agilidade, rapidez e adequação para atingir um público mais diversificado com produtos. Os impressos estão em busca de um lugar ao sol diante da força da imprensa on-line. A TV se adequando rapidamente à revolução digital, que deverá movimentar o setor nos próximos 5 a 10 anos. Porém, em termos de qualidade informativa, acreditamos que a imprensa ainda deve muito ao público.

Enfim caro leitor, para não estender muito a conversa, encerro o assunto dizendo que a Liberdade de Imprensa é uma liberdade que ainda temos que conquistar em muitas regiões do Brasil. E esta liberdade demanda um posicionamento mais crítico e atento da população quanto aos seus direitos por uma informação de qualidade e isenta. É preciso que os movimentos em torno da democratização dos meios sejam incentivados e que o Conselho Nacional de Comunicação ganhe força e se instale nos estados e municípios brasileiros. (Walter Pereira)

Crítica - Cometa Buarque

Sete anos depois, ele voltou. O malandro esteve na praça outra vez. Sem “Construção”, “Cotidiano”, “Cálice”, “Geni e o zepelin”, “Olhos nos olhos”, “A banda”, “O meu guri”, “A Rita”, “Meu caro amigo”, “Apesar de você”, mas voltou.

Sucessos? Claro, teve “João e Maria”, “Quem te viu, Quem te vê”, “Eu te amo”, e uma série de outros sucessos classificados erroneamente como “Lado B”- sucessos não tão clássicos.

A turnê “Carioca” foi assim. Filas de até 12 horas para comprar ingressos, muita gente aos prantos por não conseguir adquiri-los, tumultos, reclamações sobre a organização, shows sempre lotados, público satisfeito, diversas invasões de palco, e em Brasília, contou até com o presidente Lula confortavelmente sentado na terceira fileira do teatro.

O show em Goiânia no dia 18 de maio marcou o encerramento da turnê. Um momento histórico, já que Chico fez apenas 4 turnês nos últimos 30 anos.

Em Goiânia, Chico Buarque permaneceu em seu quarto de hotel durante todo o dia 17. Só saiu às 19:00 horas para ensaiar no Teatro Vermelho. Eu estava entre os seis fãs que passaram a tarde inteira para ter o encontro com o mestre. Quando ele apareceu no hall do hotel 5 estrelas, fui ao seu encontro. “Chico, viajei 16 horas só pra te ver”. Após um segundo em silêncio – o mesmo “silêncio que a só um poeta se permite”, como ele mesmo escreveu em “Budapeste”- respondeu timidamente, com um humor fino e inteligente enquanto assinava meus dois livros: “Eu viajei só três.”

Após os autógrafos, foi cercado pelos outros fãs e não perdeu o bom humor. “Virei show da Xuxa”, respondeu ao jornal local.

Durante a derradeira apresentação, Chico estava completamente à vontade. Quem esperava um show frio, se surpreendeu com uma intervenção longa. Chico explicou que aquele era o último show do “Carioca”, que iria descansar um pouco, uma conversa que pegou todos nós desprevenidos. Lá estava o mito, a lenda, a figura mais importante da música popular brasileira anunciando suas merecidas férias. Sorrindo à todo momento, respondia aos gritos de “lindo” com acenos tímidos, ligeiros.

A timidez que lhe é famosa fica evidente a apresentação inteira. Chico permaneceu completamente paralisado enquanto esteve em pé, cantando com seu violão. O único movimento que fez no palco foi sentar em um banquinho. Só. Até quando tocou kalimba, um instrumento africano, em “Morena de Angola”, permaneceu imóvel. Quando não está tocando violão, parece não saber o que fazer com as mãos e fica com elas assim, abertas uma de frente para a outra.

As primeiras três músicas, um pout-purri de “Voltei a cantar” (1939), de Lamartine Babo, seguida por “Mambembe” (1967), e “Dura na queda” (2006), marcam o início das metralhadoras de flashes disparadas pela platéia, e definem o show.

“Dura na queda” logo no início é a prova cabal de que as canções de “Carioca”, ao contrário do que dizem alguns críticos musicais e fãs, não perderam a qualidade, como é de se acontecer com alguns músicos sessentões e ainda mantém a mesma poesia e musicalidade da conturbada década de 70.

Os problemas sociais e o romantismo não foram excluídos das temáticas, como é o caso de “Ode aos ratos” e “Bolero Blues”. Na primeira, Chico usa os roedores para metaforizar os garotos de rua: “Rato de rua, irrequieta criatura. Tribo em frenética proliferação (...) Ó meu semelhante, filho de Deus, meu irmão”. Ao vivo, a canção ganhou um peso incrível, com bateria, percussão e violões mais altos do que o restante da apresentação. Já a melancólica “Bolero Blues”, de melodia elaborada, composta pelo baixista Jorge Helder, ao vivo surpreendeu por apresentar um resultado tão bom quanto ao da gravação. A letra romântica em clima saudosista foi difícil de ter sido composta. É visível o amadurecimento de Chico como compositor nessa canção, em que apresenta uma poesia mais literária.

O momento de maior interação com o público não foi do futebol invisível jogado por Chico e o baterista Wilson das Neves. Mas sim, um erro de Chico.

Durante a turnê inteira, confessou no meio dos shows não saber muito bem a letra de “As atrizes”. No último show de “Carioca”, ele se confundiu. Trocou uma estrofe pela última da canção. O que era para ser “Represente, presentemente muito pra mim”, ficou “Presentemente, represente muito pra mim”. O público, percebendo a confusão, aplaudiu incansavelmente. Ao término da canção, Chico fez uma longa intervenção e pediu desculpas por ter errado a letra. Alguém gritou “Você pode errar, Chico”. A resposta surgiu com mais sorrisos, aplausos e risadas “Posso, né? A música é minha”.

Encantou com “Bye, Bye, Brasil”, música composta para trilha sonora e que nunca foi executada ao vivo. Emocionou com a clássica “Eu te amo”, responsável por arrancar lágrimas do teatro inteiro e de fazer uma senhora ao meu lado tremer como se estivesse sofrendo um ataque epilético. “Imagina”, composta em parceria com Tom Jobim, e gravada apenas em 2006, proporcionou um dueto delicioso entre Chico e a tecladista Bia Paes Leme. Para castigar todos os presentes, a canção ganhou compassos mais lentos, realçando ainda mais a intensa melodia jobimniana.

E assim desfilaram entre aplausos “Mil perdões”, “Futuros Amantes”, “As vitrines”, “Ela é dançarina”, “Na carreira”, “A história de Lily Braun”, tudo simplesmente indescritível. Um show perfeito, uma banda perfeita. Após “Porque era ela, Porque era eu”, não resisti. Completamente emocionado, gritei “Bravo!”. Só percebi que tinha gritado alguns minutos depois.

E teve samba também. “Cantando no toró”, “Deixa a menina sambar”, “Sem compromisso”. Essas duas últimas canções marcaram o primeiro bis, em que a platéia aproveitou para sambar e os mais próximos alcançaram a frente do palco. Fiquei encostado no palco. Foi assustador. Os seguranças, desconfortáveis temendo uma invasão da multidão em frenesi, não sabiam o que fazer.

“Quem te viu, quem te vê” e “João e Maria” fecharam o show. A multidão aplaudia compulsivamente. Garotas, senhoras, senhores, garotos, todos em coro, apaixonadamente cantando os versos dessas duas canções como se fosse alguma espécie de hino sagrado. Todos implorando para que o mito ficasse apenas mais um instante no palco. Afinal, ninguém sabe daqui a quanto tempo, o cometa Buarque passará novamente por nós. Vai passar? (Alexandre Gaioto)

Artigo - Universidades: públicas e privadas

Neste fim de semana, estive em minha cidade natal e pude perceber que pensamento de povo do interior não muda nunca. Vi que pessoas que fizeram cursinho comigo continuam naquela sala de curso, se matando e se comendo em busca de uma vaga numa universidade pública. Me perguntei até que ponto vale a pena estudar três, quatro ou cinco anos num cursinho para conseguir vaga numa universidade estadual?

A universidade estadual nos últimos anos vem fazendo o mesmo caminho da escola pública de ensino fundamental e médio, que, há alguns anos atrás, era muito melhor que o ensino particular, mas depois de “reformas” na educação acabaram indo parar no fundo do poço.

O ensino público está cada vez pior. Os laboratórios estão em calamidade, as salas de aula não possuem um ventilador e quando possuem eles fazem mais barulho que vento. Os professores recebem mal, muitas vezes nem existem professores para determinadas matérias, sem contar que existem ainda professores que fingem que dão aula, entram passam alguma coisa no quadro e vão embora. É minha gente, este é o ensino público dos últimos anos.

A universidade particular está fazendo o mesmo caminho que escolas privadas de ensino médio e fundamental fizeram. Aproveitou o “relaxo” com o ensino público, buscaram os melhores professores (e pagam mais que a universidade pública) e fizeram laboratórios equipados com material de qualidade, para que não deixe nada a desejar.

Acontece que o povo ainda acha que universidade pública é a melhor e a particular é só para “filhinho de papai”, que não tem capacidade de passar em uma instituição de ensino pública. Acontece que ultimamente estou vendo alunos de faculdade públicas ficarem sem férias e com calendário letivo todo bagunçado, graças ao governo e aos professores que acabam tendo que entrar em greve para reivindicar melhores salários.

Aquela imagem de que tudo que universidade pública é melhor está caindo por terra, e podemos concluir que se continuar assim, só vai estudar em universidade pública quem não tiver condições de pagar pelo ensino superior. (J.C.Ortiz Júnior)

Crônica – Dia de azar

Dizem que é azar na certa quando se levanta com o pé esquerdo. Acho que o meu azar começou um pouco antes de eu levantar.

Por causa do calor durmi com a janela aberta e quando acordei, senti que estava com um leve resfriado. Depois que levantei percebi que estava muito atrasada.

Beleza me arrumei correndo torcendo para não perder a carona, desci e mais um problema: perdi a carona. Tudo bem até então estava achando que era apenas coincidência, peguei um ônibus perdi quarenta minutos de aula.

Assisti uns quinze minuto e o meu nariz dando trabalho, até que resolvo ir ao banheiro para limpa-lo. Definitivamente devia ter ficado, porque quando estava saindo a professora simplesmente pediu para eu não voltar mais nara a sala.

Depois do intervalo, segunda aula, almoço, estudos e aula de inglês. Peguei o elevador e pronto devia ter descido pelas escadas, o elevador parou de funcionar e eu fiquei presa dentro por meia hora. Perdi metade da aula e levei outra bronca de outra professora.

Voltei para casa, estudei mais um pouco e decidi tomar banho. Estava tomando banho na água quente e de repente o chuveiro queimou, e eu tive que terminar o banho na água gelada.

Assisti um pouco de novela e fui à padaria comer alguma coisa e quando estava voltando começou a chover. Além do banho que eu tomei, lembrei que tinha deixado a janela aberta e que provavelmente tinha molhado toda minha cama.

O que compensou foi que chegando em casa quando olho para o chão, encontrei uma nota de cinqüenta reais. Fiquei feliz mesmo entrando no meu quarto e vendo toda minha cama ensopada da chuva. (Tânia Caroline Mella)

Notícia- Universidade maringaense fica entre as dez melhores do país

O Centro Universitário de Maringá (Cesumar) recebeu uma nota elevada no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), aparecendo com um dos dez melhores IDDs do país. O IDD é o índice que verifica o nível de conhecimento agregado ao aluno durante o curso. O curso de Jornalismo obteve nota 4.

Esse exame faz parte do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e foi criado para substituir o Provão. O exame tem como meta calcular o rendimento dos alunos que participam dos cursos de graduação levando em consideração os conteúdos ministrados, habilidades e competências de cada aluno.

De acordo com o IDD obtido no Enade, o Cesumar tem o melhor curso de jornalismo do Paraná e o segundo na região Sul, ficando atrás apenas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O Centro Universitário de Maringá ficou melhor colocado do que universidades tradicionais como a Casper Líbero, Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Mackenzie.

O estudante de jornalismo do Cesumar, Felipe Martin Pamplona,19, acredita que o resultado é importante mas afirma não saber ao certo quais foram os critérios adotados pelo Ministério da Educação. Lívia Tunes Peretti, 18, estudante de jornalismo da mesma Instituição, se sente lisonjeada por estudar em uma faculdade que possui uma boa repercussão a nível nacional.

A coordenadora dos cursos de Comunicação Social, Cibele Abdo Rodella, afirmou que a principal meta é aumentar a média geral dos alunos concluintes. Para isso irá intensificar as atividades pedagógicas, capacitação docente e, principalmente, o fortalecimento do conhecimento humanístico.

O resultado obtido no Enade, para Cibele, serve como incentivo não só para alunos, mas também para os professores do curso, o que tende a melhorar cada vez mais o curso de jornalismo da instituição. (Mayara Gasparoto Mendes)

Entrevista - A banda curitibana Faichecleres

O Faichecleres em seu show em Maringá

O Faichecleres é uma banda curitibana independente, que está em evidencia no cenário musical nacional. No ápice de sua curta carreira musical, o Faichecleres acabou de lançar seu segundo disco chamado “Calçada da Fama”. O disco foi lançado pela revista “Outracoisa”, do músico Lobão.

Atualmente a banda está em turnê de divulgação desse CD e se preparando para um próximo. Recentemente o Faichecleres sofreu com a saída do baixista e vocalista Giovanni Caruso. Agora, já reestruturada, é formada por Marcos Gonzatto, Tuba Caruso e Ricardo Junior, que assumiu o lugar de Giovanni.

No último dia 9 a banda passou por Maringá e falou um pouco sobre tudo isso. (Thiago Oliviera)

Ricardo existe melhor presente do que estar no Faichecleres? (era o aniversário do Ricardo no dia)

Ricardo: Ah, cara, existe. Mas não vou falar aqui. (Risos) Mas está tudo bem, é bom estar aqui no Faichecleres.

Cara, como você recebeu a notícia de que ia participar da banda?

Ricardo: Como foi Tuba, o Tuba sabe melhor... (risos) Eu não sei como foi, foi meio por acaso, foi acontecendo, acontecendo e aconteceu. Nós fomos conversando, aí rolou uma amizade, aí fizemos um som pra eu entender como que era e aí quando eu vi, já estava tocando com eles já...

Marcos: rolou uns amassos...

Tuba: A gente ficou pela primeira vez, foi tri-bom. Aí depois a gente trepou, começamos a se comer... (risos)

Ricardo: Não, sério. Eu tenho ainda algumas bandas que eu toco, uma delas é o “Beatles Forever”, que é um musical dos Beatles lá de São Paulo, e aí ele (Tuba) foi em um show meu. E aí “pô, legal você ta aqui”, conversamos e tal... “vamos fazer um som pra brincar?” aí fizemos e depois rolou da gente tocar junto e tudo mais.

Você é um “mod” (movimento que aconteceu em Londres no final dos anos 50 e se popularizou no começo dos anos 60) recebido de braços abertos pelo Faichecleres...

Tuba: Só quero ressaltar uma coisa. Tipo, nós do Faichecleres, não costumamos nos rotular, ao gostamos de ter limites e também não gostamos de dizer que nós somos “mods”, nós gostamos de dizer que somos rock’n roll e que sofremos muitas influências de “mod”. Mas é rock’n Roll.

Marcos: A gente deixa para algumas bandas aí dizerem que são “mods”.

Ricardo: E a gente ta na fase mais psicodélica, mais hippie do rock (risos)

Tuba: A gente é OB. Porque o OB fica por dentro né, o “mod” fica por fora (risos)

Ta explicado. Ricardo, você tem muitas bandas. Em qual delas você gosta mais de tocar?

Ricardo: Faichecleres pô. (risos)

Ta puxando sardinha hein?!

Marcos: É, ele ta puxando sardinha...

Ricardo: Não, “pelamordedeus”, aqui eu sou eu. Aqui eu faço o meu som junto com eles. No “Beatles 4ever” eu sou o Paul McCartney. Entendeu? É outra coisa...

Nada mal ser o Paul McCartney...

Ricardo: Lógico... Se for pra imitar alguém, imita o Paul McCartney que é o melhor. Já no “Ultraje” eu sou músico. Aqui não, aqui eu sou eu mesmo, é diferente.

Tuba: Aqui ele é o Ricardo Fábio Junior.

Como que a banda reagiu à saída do Giovanni?

Tuba: Cara, a gente botou na cabeça que a gente ia continuar, arranjar um integrante novo, compor um monte de música e gravar um disco novo e pronto.

Marcos: Na verdade, primeiro foi foda. Tomamos um baque. E aí tínhamos que decidir se a gente continuava ou continuava. Não tinha tempo pra pensar. Foi muito rápido o que aconteceu. É como se de repente morresse alguém, não esperávamos. E cara, a gente decidiu rapidamente. Chamamos o Raphael Dissonantes pra fazer uns shows com nós. E a próxima meta era conseguir um baixista. Conseguimos o Ricardo, começamos a escrever as novas músicas e já daqui umas duas semanas vamos gravar uma demo nova...

Tuba: Seguir em frente!

Tuba, como é o seu processo criativo? já que você antes só participava das composições?

Tuba: Na verdade todo mundo compõem. Todos nós somos compositores. Mas basicamente, tem uma inspiração inicial, que é a idéia. Ou alguns acordes, uma melodia... Ou vem a letra e tal... Isso tudo vem de coisas que acontece... É mais ou menos por aí. Alguém vem com uma idéia inicial, junta com outra metade de outro, aí mostra pra outro e vai.

Ricardo: Não tem uma formula. Acontece.

Por algum tempo vocês fizeram até convites no fotolog de vocês e na comunidade do orkut, para baixista mandarem para vocês material, como se fosse um concurso de internet. O Ricardo mandou material pra vocês no concurso da internet?

Tuba: Não, ele não mandou material.

Marcos: Nós é que mandamos material pra ele. (risos)

Tuba: Foi muito “afudê” cara. Porque nós queríamos um baixista e vocalista e não sabíamos o que ia acontecer. E aí começou a vim, material do Brasil inteiro, um monte de coisa e tal...

Teve muita coisa ruim?

Tuba: Ah, teve bastante coisa. Teve coisa ruim, coisa boa, coisa mais ou menos.

Ricardo: É que muitas vezes não tinha muito a ver com a banda. Acho que é aí que tá. Às vezes tem a ver, às vezes não tem.

Mas teve, por exemplo, um cara de metal mandando material?

Tuba: Não, não, isso não teve.

Marco: Mas teve, por exemplo, um cara que tocava um Red Hot Chilli Peppers, que não tem nada a ver com nosso estilos.

Ricardo: Não é que é ruim, mas não tem a ver.

Tuba: Teve uma guriazinha de uns 15 anos que mandou um vídeo dela tocando “Aninha Sem Tesão” que até agora mexeu comigo... Mas então... Tava rolando a “Virada Cultural” lá em São Paulo, e aí às seis da manhã, o sol estava nascendo e entrou o Beatles 4ever pra tocar. Me lembro que tava lá na platéia, e eu olhei um cara com uma roupa “tri-afudê”, cantando “Helter Skelter”. Aí eu gritei, “é esse cara, é esse cara que eu quero pro Faichecleres”. Na segunda-feira eu entrei na internet pra pesquisar sobre ele, e ele viu que eu tinha entrado em uma comunidade dele e me mandou um e-mail. “bah legal a presença lá no show”, aí no mesmo já nos correspondemos, depois nos falamos e estamos aí até agora...

Quanto tempo nós podemos esperar por essa nova demo do Faichecleres?

Marcos: Duas semanas...

Tuba: Agora as coisas são assim, tudo muito rápido. Não vai ter mais enrolação.

Ricardo: Talvez role até algumas músicas novas no show de Curitiba do dia 16. Como a banda mudou, acho que é legal a gente mostrar como é a banda agora. Sem deixar de tocar as músicas antigas.

Marcos: Dar ênfase a esse disco agora, mas já focalizando esse novo disco que queremos gravar até o final do ano.

Tuba: Vida nova, sangue novo e banda nova.

E isso no maior momento da carreira do Faichecleres... um momento que vocês tem mais exposição...

Marcos: É hilário não é?!

Tuba: O “Calçada da Fama” nos deu uma impulsionada legal. Lançamos pelo Lobão, fizemos bastante televisão, fizemos uma mídia legal... O disco chegou no Brasil inteiro, fizemos vários programas da MTV. A gente ta numa fase legal.

Marcos: Só levamos um susto, mas já nos reestruturamos de novo.

De quem foi à idéia de tocar de cueca?

Tuba: Na verdade não foi idéia, foi desespero, tava muito quente e a gente teve que tirar a roupa.

Marcos: Sinceramente eu não tenho na memória o que aconteceu. Quando eu me lembro eu já estava de cueca. (risos)

Tuba: As calcinhas é que foi foda.

Marcos: No lançamento do primeiro disco nós tocamos de calcinha, porque estávamos lançando também uma coleção de calcinha. Mas aí daqui a pouco esse animal (Tuba) me tira a calcinha e fica pelado tocando batera. (risos)

Tuba: Também gravamos o “MTV Banda Antes” de calcinha. Pensamos, “pô, lançamos aí as calcinhas, um produto, precisamos divulgar tal produto” nada melhor do que divulgar na MTV.

Vendeu muita calcinha?

Tuba: Acabou, esgotou muito rápido.

Sempre pergunto às bandas nacionais quem é o cara mais chato da música independente nacional. Tuba, você ganha de longe essa votação. Quer se defender?

Tuba: Não, eu concordo contigo. Eu sou chato pra caralho.

Ricardo: É que o Tuba é sincero, ele fala o que ele pensa. Ele mostra o que ele é.

E quem vocês acham que é o cara mais chato da música independente nacional?

Ricardo: O Tuba. (risos)

Reportagem - Frio causa prejuízos a pequenos agricultores de Maringá

Oferta de hortaliças é menor devido ao frio

Os hortifrutigranjeiros da região sofreram com o frio intenso que antecipou os ventos fortes típicos do inverno. Os termômetros chegaram a marcar temperaturas muito mais baixas do que as esperadas para essa época do ano e em muitas cidades houve formação de geada. Entre os meses de maio e junho foram registradas as menores temperaturas do ano.

Os pequenos produtores que trabalham com frutas e hortaliças foram os mais prejudicados pelas baixas temperaturas e, principalmente, pelas geadas. Além de queimar as folhas mais sensíveis, o frio também retarda o crescimento das verduras e prejudica o desenvolvimento de novas plantas.

Boa parte desses produtores conta apenas com a venda dos produtos nas feiras para o sustento da família. “Meu sustento vem disso aí, se der algum problema a gente passa fome. È difícil, mas é assim que funciona”, comentou Luiz Rossato, produtor de Sarandi que trabalha há 16 anos com plantação de verduras. Segundo Rossato, a geada queimou mais de 30% de sua produção. “É um grande prejuízo financeiro. A gente tem um compromisso com as pessoas que freqüentam as feiras em busca de qualidade e assim fica difícil segurar o freguês”, concluiu.

De acordo com Rossato, o melhor é que as temperaturas aumentem logo. “Quanto mais calor, mais frutas e verduras as pessoas consomem. Os primeiros quatro meses do ano são os mais lucrativos justamente porque são os mais quentes. Nos outros meses a gente trabalha para pagar as despesas com a plantação”, concluiu.

Lydia Takana, que comercializa verduras na Feira do Produtor, estima que a temperatura muito baixa tenha afetado cerca de 60% de sua plantação. “A gente sabia de antemão que a previsão era de frio, mas ninguém estava preparado para temperaturas tão baixas. As folhas que não queimaram e se perderam, também não desenvolveram. È uma feira que a gente deixa de fazer”, comentou.

Com a plantação prejudicada, a previsão é de que o preço dos produtos nas feiras aumente devido a pouca oferta.”Tem que vender mais caro porque a procura vai ser maior do que o que estiver à venda. Porque atrasa a produção e o pessoal quer aquela quantia que está acostumado. Tem a procura, mas não tem o produto para comprar”, disse Lydia.

O produtor de Marialva, José Celson Carozo, também perdeu bastante com a geada, mas não arrisca subir o preço de suas verduras. “Perdi uns 2000 pés só de alface americana. Mas não adianta colocar o preço do mercado na feira, pois se colocar não vende. A nossa tabela vem mais alta, só que não se consegue vender naquele preço, aí fica o preço que está mesmo. E no frio as pessoas não consomem muitas verduras”.

De acordo com o feirante Reijiro Fujihara, o que mais fica prejudicado é a folhagem. “As frutas e legumes com casca mais grossa não são tão afetados pela temperatura. A alface é mais sensível e queima com facilidade, principalmente a do tipo americana. O repolho também queima bastante”, comentou Yokiko, que trabalha como ajudante na mesma banca.

(ANA CLÁUDIA COVO E RENATA ZIBETTI)

Aumentos são significativos

O frio que prejudicou pequenos produtores hortifrutigranjeiros foi mais intenso no período entre 20 a 25 de maio, e fez com que o preço das verduras subisse em praticamente toda a região de Maringá. Com o aumento da temperatura já no início do mês de junho, o preço dos produtos diminuiu consideravelmente.

Produto

Unidade

Preço mais comum em Maringá

20 a 25 de maio

13 a 17 de junho

Almeirão

mç 300 g

1,00

0,60

Couve-manteiga

mç 400 g

1,00

0,66

Rúcula

mç 300 g

0,83

0,66

Agrião

mç 400 g

1,00

0,70

FONTE: SIMA/DERAL - PR
ELABORACAO: DITEC/CEASA/PR