domingo, 3 de junho de 2007

Reportagem - Superstição não é ignorância

Segundo o Novo Dicionário Aurélio da Folha de S. Paulo, superstição é um sentimento religioso baseado no temor ou na ignorância, e que induz ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à confiança em coisas ineficazes. Ao contrário do que está no dicionário, o professor e sociólogo Gilson Aguiar disse que ser supersticioso não é ignorância. Para ele a superstição é uma forma de identificação da cultura. Claro que tem seus limites. “Os valores místicos não podem superar os racionais”, comentou Aguiar.
A cultura brasileira é riquíssima em superstição. Há influências de várias culturas como européias, indígenas e africanas. Alguns exemplos dessas influências foram comentadas por Aguiar. “Os amuletos, geralmente, vêm da cultura ocidental européia. As ervas estão relacionadas com os indígenas, que ainda utilizam das folhas como remédio alternativo e para benzimentos, já as magias e os feitiços vieram da cultura africana”.
O próprio Aguiar tem algumas manias que, para ele, podem ser considerada superstição. “Eu só uso meias brancas. Tenho problemas em usar meias de cores escuras, só utilizo quando realmente tenho que ir em algum evento. Também não gosto de mudar o caminho, quando eu mudo o trajeto de casa me sinto mal. Um dia eu mudei o caminho, há quatro anos, e bati o meu carro”.

Símbolo
A relação do ser humano com esse universo das crenças é mediada pela linguagem e pelo seu aspecto simbólico. “O objeto da crença não é um simples objeto, ele é um símbolo, pois liga um indivíduo a um grupo, cria uma coletividade e dá força a essa coletividade, então, o símbolo ganha um caráter de verdade”, explicou o psicólogo Calvino Camargo.
Camargo, que diz não ter nenhuma superstição, acredita que o sentimento mais importante gerado através da superstição é o sentimento de pertencimento. “Imagina que você acredita que o pé de coelho te dê sorte. Quando você observa alguém com um pé de coelho ninguém precisa dizer nada. O objeto em si se constitui num elemento de comunicação e de ligação. A superstição está ligada ao campo emocional” diz.
Ele acredita que as mulheres são mais propensas a serem supersticiosas. “Diz o ditado popular que os homens são mais racionais e as mulheres mais emocionais”. Mas o psicólogo faz questão de ressaltar que não há pesquisas, que ele conheça, comprovando essa tese.
Apesar do sociólogo se dizer supersticioso e o psicólogo afirmar que não é, os dois profissionais converge numa questão. Para eles a superstição é uma forma de identificação cultural e eles afirmam que não é difícil encontrar pessoas, que mesmo sem perceber, agem de alguma forma por acreditar que irão trazer sorte ou azar.



Conhecendo algumas superstições

Coceiras: Se a palma da mão direita coçar, é sinal que irá receber dinheiro. E se coçar a mão esquerda, pode esperar, pois uma visita desconhecida está para aparecer.
Você poderá arrumar as malas, caso a sola do seu pé coçar. Pois segundo os supersticiosos, isso significa viagem ao exterior.
Animais: Se você avistar um gato preto, cuidado. Se ele cruzar a sua frente algo ruim poderá acontecer.
Número: O número mais temido é o 13. Sexta-feira 13 é considerado um dia de azar.
Objetos: Mantenha seu guarda-chuva fechado dentro de caso, pois há quem acredite que se for aberto poderão acontecer problemas na família.
E se visitas indesejadas aparecer, colocar uma vassoura atrás da porta com o cabo para baixo, faz com que elas vão embora rápido.

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