domingo, 24 de junho de 2007

Começou. Estranho tudo era. Nada tinha um sentido lógico. Nada tinha cor. Como se não fosse real. A primeira impressão que tive foi que estava em um lugar conturbado, tenso. Estresse total. Pessoas com pressa. Até que tudo começou a ter vida. As cores começaram a ficar mais nítidas. Os sons ecoavam mais altos. As pessoas não andavam mais rápido como há instantes atrás, passos lentos tomavam o lugar da correria.

Foi então que percebi que não se tratava de um lugar conturbado, mas sim que eu estava em um gigantesco parque de diversão. Pessoas conversando, dando gargalhadas, muita festa. Bexigas suspensas no ar. Tudo muito colorido, muito animado. A primavera estava se aproximando e o cenário que as flores decoravam estava propício à tamanha felicidade.

Resolvi então caminhar, achar alguém que conhecia. Caminhei. O espírito de alegria e fraternidade tomava conta do meu “Eu”. Brinquei com o palhaço. Chupei sorvete. Comi algodão doce. Caminhei mais. Senti como se tivesse voltado aos 5 anos de idade.

Tudo era tão mágico, tão surpreendente, coisas que nunca tinha dado valor, tornavam-se essencial. Como se todas as coisas estavam ali... a minha espera. Mas por um momento tudo paralisou. Meu pensamento e olhar se congelaram ao dar de cara com a coisa mais fantástica que tinha visto naquele parque.

Era extremamente grande, colorida, aquela multidão em volta vibrando, com os braços e olhos voltados para cima. “Como não tinha dado valor a uma coisa tão maravilhosa antes”, pensei. Quando era pequeno não via muita graça naquilo. Mas o clima que estava em sua volta, tudo, fez com que esse pensamento voasse, fosse para muito longe. Estava num estado de total liberdade. Estava boba. De boca aberta.

De repente um barulho irritante começou. Não parava mais. Era contínuo. Foi tirando a música e tomando conta de tudo. Os sons foram acabando. As risadas foram perdendo seu eco. E o insuportável barulho chegando cada vez perto. Até que me deu conta de que já estava na hora de acordar. Deixar a magia para um outro dia. Pois agora tinha um longo dia pela frente. Monotonia. Cansaço. Preocupação. Tudo de novo.

Mas uma coisa seria diferente: minha percepção em determinadas coisas tomava novos contornos, novos olhares... nova vida. (Mariana Grossi)

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