domingo, 17 de junho de 2007

Entrevista - A banda curitibana Faichecleres

O Faichecleres em seu show em Maringá

O Faichecleres é uma banda curitibana independente, que está em evidencia no cenário musical nacional. No ápice de sua curta carreira musical, o Faichecleres acabou de lançar seu segundo disco chamado “Calçada da Fama”. O disco foi lançado pela revista “Outracoisa”, do músico Lobão.

Atualmente a banda está em turnê de divulgação desse CD e se preparando para um próximo. Recentemente o Faichecleres sofreu com a saída do baixista e vocalista Giovanni Caruso. Agora, já reestruturada, é formada por Marcos Gonzatto, Tuba Caruso e Ricardo Junior, que assumiu o lugar de Giovanni.

No último dia 9 a banda passou por Maringá e falou um pouco sobre tudo isso. (Thiago Oliviera)

Ricardo existe melhor presente do que estar no Faichecleres? (era o aniversário do Ricardo no dia)

Ricardo: Ah, cara, existe. Mas não vou falar aqui. (Risos) Mas está tudo bem, é bom estar aqui no Faichecleres.

Cara, como você recebeu a notícia de que ia participar da banda?

Ricardo: Como foi Tuba, o Tuba sabe melhor... (risos) Eu não sei como foi, foi meio por acaso, foi acontecendo, acontecendo e aconteceu. Nós fomos conversando, aí rolou uma amizade, aí fizemos um som pra eu entender como que era e aí quando eu vi, já estava tocando com eles já...

Marcos: rolou uns amassos...

Tuba: A gente ficou pela primeira vez, foi tri-bom. Aí depois a gente trepou, começamos a se comer... (risos)

Ricardo: Não, sério. Eu tenho ainda algumas bandas que eu toco, uma delas é o “Beatles Forever”, que é um musical dos Beatles lá de São Paulo, e aí ele (Tuba) foi em um show meu. E aí “pô, legal você ta aqui”, conversamos e tal... “vamos fazer um som pra brincar?” aí fizemos e depois rolou da gente tocar junto e tudo mais.

Você é um “mod” (movimento que aconteceu em Londres no final dos anos 50 e se popularizou no começo dos anos 60) recebido de braços abertos pelo Faichecleres...

Tuba: Só quero ressaltar uma coisa. Tipo, nós do Faichecleres, não costumamos nos rotular, ao gostamos de ter limites e também não gostamos de dizer que nós somos “mods”, nós gostamos de dizer que somos rock’n roll e que sofremos muitas influências de “mod”. Mas é rock’n Roll.

Marcos: A gente deixa para algumas bandas aí dizerem que são “mods”.

Ricardo: E a gente ta na fase mais psicodélica, mais hippie do rock (risos)

Tuba: A gente é OB. Porque o OB fica por dentro né, o “mod” fica por fora (risos)

Ta explicado. Ricardo, você tem muitas bandas. Em qual delas você gosta mais de tocar?

Ricardo: Faichecleres pô. (risos)

Ta puxando sardinha hein?!

Marcos: É, ele ta puxando sardinha...

Ricardo: Não, “pelamordedeus”, aqui eu sou eu. Aqui eu faço o meu som junto com eles. No “Beatles 4ever” eu sou o Paul McCartney. Entendeu? É outra coisa...

Nada mal ser o Paul McCartney...

Ricardo: Lógico... Se for pra imitar alguém, imita o Paul McCartney que é o melhor. Já no “Ultraje” eu sou músico. Aqui não, aqui eu sou eu mesmo, é diferente.

Tuba: Aqui ele é o Ricardo Fábio Junior.

Como que a banda reagiu à saída do Giovanni?

Tuba: Cara, a gente botou na cabeça que a gente ia continuar, arranjar um integrante novo, compor um monte de música e gravar um disco novo e pronto.

Marcos: Na verdade, primeiro foi foda. Tomamos um baque. E aí tínhamos que decidir se a gente continuava ou continuava. Não tinha tempo pra pensar. Foi muito rápido o que aconteceu. É como se de repente morresse alguém, não esperávamos. E cara, a gente decidiu rapidamente. Chamamos o Raphael Dissonantes pra fazer uns shows com nós. E a próxima meta era conseguir um baixista. Conseguimos o Ricardo, começamos a escrever as novas músicas e já daqui umas duas semanas vamos gravar uma demo nova...

Tuba: Seguir em frente!

Tuba, como é o seu processo criativo? já que você antes só participava das composições?

Tuba: Na verdade todo mundo compõem. Todos nós somos compositores. Mas basicamente, tem uma inspiração inicial, que é a idéia. Ou alguns acordes, uma melodia... Ou vem a letra e tal... Isso tudo vem de coisas que acontece... É mais ou menos por aí. Alguém vem com uma idéia inicial, junta com outra metade de outro, aí mostra pra outro e vai.

Ricardo: Não tem uma formula. Acontece.

Por algum tempo vocês fizeram até convites no fotolog de vocês e na comunidade do orkut, para baixista mandarem para vocês material, como se fosse um concurso de internet. O Ricardo mandou material pra vocês no concurso da internet?

Tuba: Não, ele não mandou material.

Marcos: Nós é que mandamos material pra ele. (risos)

Tuba: Foi muito “afudê” cara. Porque nós queríamos um baixista e vocalista e não sabíamos o que ia acontecer. E aí começou a vim, material do Brasil inteiro, um monte de coisa e tal...

Teve muita coisa ruim?

Tuba: Ah, teve bastante coisa. Teve coisa ruim, coisa boa, coisa mais ou menos.

Ricardo: É que muitas vezes não tinha muito a ver com a banda. Acho que é aí que tá. Às vezes tem a ver, às vezes não tem.

Mas teve, por exemplo, um cara de metal mandando material?

Tuba: Não, não, isso não teve.

Marco: Mas teve, por exemplo, um cara que tocava um Red Hot Chilli Peppers, que não tem nada a ver com nosso estilos.

Ricardo: Não é que é ruim, mas não tem a ver.

Tuba: Teve uma guriazinha de uns 15 anos que mandou um vídeo dela tocando “Aninha Sem Tesão” que até agora mexeu comigo... Mas então... Tava rolando a “Virada Cultural” lá em São Paulo, e aí às seis da manhã, o sol estava nascendo e entrou o Beatles 4ever pra tocar. Me lembro que tava lá na platéia, e eu olhei um cara com uma roupa “tri-afudê”, cantando “Helter Skelter”. Aí eu gritei, “é esse cara, é esse cara que eu quero pro Faichecleres”. Na segunda-feira eu entrei na internet pra pesquisar sobre ele, e ele viu que eu tinha entrado em uma comunidade dele e me mandou um e-mail. “bah legal a presença lá no show”, aí no mesmo já nos correspondemos, depois nos falamos e estamos aí até agora...

Quanto tempo nós podemos esperar por essa nova demo do Faichecleres?

Marcos: Duas semanas...

Tuba: Agora as coisas são assim, tudo muito rápido. Não vai ter mais enrolação.

Ricardo: Talvez role até algumas músicas novas no show de Curitiba do dia 16. Como a banda mudou, acho que é legal a gente mostrar como é a banda agora. Sem deixar de tocar as músicas antigas.

Marcos: Dar ênfase a esse disco agora, mas já focalizando esse novo disco que queremos gravar até o final do ano.

Tuba: Vida nova, sangue novo e banda nova.

E isso no maior momento da carreira do Faichecleres... um momento que vocês tem mais exposição...

Marcos: É hilário não é?!

Tuba: O “Calçada da Fama” nos deu uma impulsionada legal. Lançamos pelo Lobão, fizemos bastante televisão, fizemos uma mídia legal... O disco chegou no Brasil inteiro, fizemos vários programas da MTV. A gente ta numa fase legal.

Marcos: Só levamos um susto, mas já nos reestruturamos de novo.

De quem foi à idéia de tocar de cueca?

Tuba: Na verdade não foi idéia, foi desespero, tava muito quente e a gente teve que tirar a roupa.

Marcos: Sinceramente eu não tenho na memória o que aconteceu. Quando eu me lembro eu já estava de cueca. (risos)

Tuba: As calcinhas é que foi foda.

Marcos: No lançamento do primeiro disco nós tocamos de calcinha, porque estávamos lançando também uma coleção de calcinha. Mas aí daqui a pouco esse animal (Tuba) me tira a calcinha e fica pelado tocando batera. (risos)

Tuba: Também gravamos o “MTV Banda Antes” de calcinha. Pensamos, “pô, lançamos aí as calcinhas, um produto, precisamos divulgar tal produto” nada melhor do que divulgar na MTV.

Vendeu muita calcinha?

Tuba: Acabou, esgotou muito rápido.

Sempre pergunto às bandas nacionais quem é o cara mais chato da música independente nacional. Tuba, você ganha de longe essa votação. Quer se defender?

Tuba: Não, eu concordo contigo. Eu sou chato pra caralho.

Ricardo: É que o Tuba é sincero, ele fala o que ele pensa. Ele mostra o que ele é.

E quem vocês acham que é o cara mais chato da música independente nacional?

Ricardo: O Tuba. (risos)

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