terça-feira, 10 de abril de 2007

Artigo - BBB: alienação de mentes e corações


O Big Brother Brasil tem revelado, dia após dia, uma maior aceitação por parte do público. Tornou-se um programa para ser visto com a família reunida no sofá, sempre no mesmo horário, depois do jantar, exatamente como uma novela.

O BBB passou a substituir o diálogo familiar, pois sempre quando a família se reúne, seja no café da manhã, almoço ou jantar, há o comentário da programação do dia anterior, a porcentagem com que o último participante saiu, a curiosidade em saber quem pegará a liderança e quem provavelmente será eliminado do jogo.

Sem dúvida alguma, o que mais proporciona a audiência do programa são as bebedeiras, intrigas e desavenças entre os participantes. O objetivo é mexer emocionalmente com o público, que passa a “amar” ou “odiar” os participantes.

A questão é que o BBB acaba alienando aos telespectadores, que sentem a obrigação de estar todos os dias ali, em frente à TV, por dentro de tudo o que acontece na casa. Assistir ao programa passa a ser uma questão de necessidade.

As pessoas passam a ficar tão influenciadas pelo Big Brother que acabam nem saindo de casa para assistir ao programa. Elas param de viver sua vida própria para viver a dos outros.

As únicas pessoas que ganham com o BBB são os poderosos, isto é, aqueles que são responsáveis pelo programa. Nós questionamos e criticamos o programa, quem realiza e assiste, quando seria muito mais fácil apenas mudar ou desligar de canal. A cada paredão a rede Globo arrecada mais de R$40 milhões. Ou seja, o povo assiste e paga por isso, muitas vezes sem se dar conta.

O Brasil parou para assistir o último paredão do BBB 7 entre Diego (mais conhecido como Alemão) e Carol. A vitória do Alemão simbolizou para o público a vitória do bem sobre o mal. Pois, sempre que o participante “joga limpo na casa”, sem prejudicar aos demais, acaba se tornando o predileto dos telespectadores.

Mas será que a personalidade dos participantes no programa é a mesma de como são fora da casa? Eu não teria tanta certeza. Ainda que o preferido da telinha “alemão” demonstre ser de uma forma, a tendência de quando alguém sabe que está sendo observado é mudar de comportamento, ou seja, ele não vai agir da mesma forma. Por outro lado, o “alemão” foi um dos poucos participantes que conseguiu manter a mesma personalidade do começo até o fim do BBB e, com isso, conseguiu se manter no programa e ganhar o tão sonhado prêmio.

É triste ver como os poderosos investem tanto dinheiro em programas sem nenhum tipo de cultura, como é o caso do Big Brother. Mais lamentável ainda é ver a idolatria que as pessoas passam a ter por esses programas, que fazem parte do seu cotidiano. A questão é: porque não assistir a um bom filme nacional, ler um livro interessante, debater assuntos polêmicos, prestar mais atenção na realidade a nossa volta, na corrupção, na violência, na desigualdade social, ser crítico e questionador a tudo que acontece a nossa volta?

Ao invés disso, as pessoas ficam entretidas em um programa que visa apenas aparência e beleza. A sociedade sonha que o mundo mude, mas nada faz por este objetivo. Assistir a um programa de TV sem conteúdo útil pode parecer algo insignificante, mas faz toda a diferença, principalmente em relação aos adolescentes que ainda possuem a mente imatura para discernir o que é alienante ou não. (Fabiane de Souza)

Nenhum comentário: