domingo, 29 de abril de 2007

Reportagem - Sexo diferente

Inconstrução busca explicações para histórias em que a atividade sexual ultrapassa os limites do comum


Nem todo o tipo de perversão sexual é crime. Clismafilia (ver box), urofilia, cropofilia, hipoxifilia, voyeurismo, hipoxifilia e fetichismo são formas estranhas de relação sexual que podem ser praticadas normalmente. O que pode parecer bizarro para muitos leitores, ou quem sabe nem tão estranho assim, vai muito além do que um simples caso de perversão sexual, ou parafilia.

O estudante A.D.,19, (nome fictício para preservar a identidade da fonte) já fez sexo em banheiro público, no meio da boate, na rua, no carro com outra pessoa dirigindo, em frente à igreja e já sentiu atração por um defunto em pleno velório. A.D. já se excitou ao ver imagens de santos no altar, já se masturbou dentro de uma sala de aula e também após presenciar os próprios pais transando. A.D. não se considera um pervertido. “Sexo não tem lugar. Se algum te deixa com tesão, você precisa ir lá e fazer”, disse o estudante.

A sexóloga Eliane Maio define perversão sexual apenas como o que machuca e é feito contra a vontade do (a) parceiro (a). “Têm pessoas que se sentem bem, tem prazer e não machucam ninguém ao protagonizarem diferentes formas de expressões sexuais. E têm casos de pessoas que só se satisfazem sexualmente numa tara de fetichismo, de sadomasoquismo, quando o outro não quer, quando machuca e agride. Isso é uma perversão”.

Cultural

Maio explicou a dificuldade em se caracterizar o que é perversão sexual citando um exemplo medieval. Em um diário de um futuro rei, no século 15, enquanto ainda era um bebê, a babá o acalmava, quando ele chorava, colocando a boca no seu pênis. “O bebê sentia como se fosse um dedo. Não sentia prazer sexual. Era como se fizesse um cafuné. Hoje isso é pedofilia. O olhar da sexualidade é histórico, é cultural, é regional e emocional para cada pessoa diferente”.

Sobre os casos de necrofilia (atração sexual por cadáveres) e o caso de se sentir atraído por imagens de santos, ambos já vividos pelo estudante A.D., Maio afirma que é doença uma pessoa só se excitar com cadáveres, ou então só com imagens de santos. Para a sexóloga, os casos existentes de seqüestros e estupros de cadáveres, (o que não é o caso do estudante, visto que apenas desejou o cadáver) podem partir de um problema emocional em que uma auto-estima muito ruim leva o indivíduo a possuir e dominar o pseudo-corpo e a atingir esse nível de degradação. Em toda sua carreira, Eliane Maio diz não ter analisado muitos casos de perversão sexual. “Não existe tanto esse quadro de bizarro. É um exagero, é mais um folclore”.

Há quatro anos nas ruas maringaenses, a garota de programas F.S., 35, concordou em ser entrevistada, contanto que sua identidade fosse mantida em sigilo. Os preços dos programas variam de R$30,00 a R$50,00 e a faixa etária da sua clientela é de 40 a 66 anos. Segundo a garota de programa, as coisas mais estranhas que teve de fazer foram transar com homens e mulheres ao mesmo tempo e transar com casais homossexuais.

Igreja

O psicólogo e professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Aldevino Ribeiro da Silva, mostra a abrangência da significância do que é perversão sexual ao analisar o posicionamento da Igreja Católica sobre o assunto. “Sobre o ponto de vista da Igreja Católica, toda e qualquer manifestação sexual que não visa a procriação é uma forma de perversão, por isso ela é contra a camisinha”.

Da Silva afirma que o estudante citado na matéria, não é um pervertido, “mas sua atração é pervertida”. E é preciso analisar a história dele para ver como que as taras se desenvolveram. O psicólogo atenta também para o perigo de A.D. não “definir o objeto de desejo sexual”.

“Quando não há definição do objeto de desejo, têm pessoas que buscam prazer nas pessoas do mesmo sexo, do sexo oposto, com cachorros, com gatos, desenvolvem taras por orelhas, por meias, e passam a vida inteira sem definir o objeto de desejo”, alerta o psicólogo. (Alexandre Gaioto e Thiago Soares)

Tipos de perversões

  • Fetichismo: Tipo de perversão que exterioriza a paixão em relação a uma parte da pessoa ou a um objeto de seu uso. Os travestis são designados de fetichistas, por fazerem uso de vestimentas femininas.
  • Exibicionismo: Perversão que consiste em exibir os órgãos genitais a outros.
  • Voyeurismo: Refere-se àquele que se satifaz sexualmente em observar, às escondidas, um ato sexual.
  • Hipoxifilia: Esta palavra significa literalmente "atração por teor reduzido de oxigênio". Esse tipo de perversão consiste em tentar intensificar o estímulo sexual pela privação de oxigênio, seja através da utilização de um saco plástico amarrado sobre a cabeça ou de alguma técnica de estrangulamento.
  • Necrofilia: É a atração sexual por cadáveres. O necrófilo procura manter relações sexuais com corpos humanos mortos.
  • Coprofilia: excitação erótica motivada pelo cheiro ou contato com excrementos.
  • Urofilia: é a variante da coprofilia em relação à urina.
  • Clismafilia: Refere-se à excitação erótica provocada pela injeção de alguma substância no reto.

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