O filme “
Com um olhar praticamente nazista, o filme enaltece os espartanos pela perfeição física e pela segregação daqueles que não se encaixam nos padrões de virilidade exigidos para ser um bom guerreiro. Os espartanos são liderados pelo egocêntrico rei Leônidas (Gerard Butler), que justifica todos os seus atos insanos pela liberdade de seu povo. Leônidas é retratado como o único homem que já ousou quebrar as regras e contrariar a todos para o bem da nação que comanda. Começam ai as semelhanças com o governo Bush e com a sociedade americana. Que justifica suas guerras sangrentas com a ‘desculpa’ da ‘liberdade’ acima de tudo.
Já os persas são retratados como místicos e afeminados. Em sua maioria negros, exagerados e persuasivos. Durante todo o filme a ação persa é contestada por ser fundamentada em uma doutrina exótica. Vale lembrar que a Pérsia seria hoje o Irã e Esparta um estado da Grécia.
Fica claro, que no filme, Esparta se trata do mundo ocidental. Liderado, obviamente, pelos Estados Unidos. Arrogantes e destemidos os 300 homens de Esparta, que também são os mais bonitos e exímios lutadores, lutam simplesmente pela honra, pois sabem que morrerão. O reino Persa retrata claramente o mundo oriental da atualidade. Com suas crenças incompreendidas por quem não as conhece a fundo. Eles são emotivos, fantasmagóricos e liderados por um tirano extremamente vaidoso e sensível. Os Persas lutam em nome de sua religião. Já os Espartanos lutam pelo simples direito de serem LIVRES.
O diretor e roteirista Zach Znyder (Madrugada dos Mortos) é competente ao conseguir prendes os expectadores com boas seqüências de luta, bastante sangue, 'tanquinhos' e tangas à mostra por parte do elenco masculino e uma ótima trilha sonora. Porém o filme se torna altamente vulnerável à critica e aos povos envolvidos na história que aconteceu 480 anos antes de Cristo. Os iranianos, descendentes dos persas aboliram a fita por cansiderá-la ultrajante e mentirosa. E convenhamos que nos dias de hoje gastar milhões de dólares em um filme que exalta os padrões da sociedade norte-americana e faz apologia à carnificina não é um bom negócio. Mas, é claro, que por trás da guerra ideológica, existe um blockbuster. Mal intensionado, porém, bem sucedido. (Natuza Oliveira)
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