domingo, 15 de abril de 2007

ENTREVISTA - CARLOS MALTZ

Carlos Maltz sempre foi um cara esperto. Em 1985 formou, com Humberto Gessinger, o Engenheiros do Hawaii, banda que durante toda carreira conseguiu angariar um público cativo e fiel. Onze anos depois, Maltz abandonou a bateria do Engenheiros por questões pessoais e surpreendeu os fãs, que passaram ainda mais a idolatrá-lo e até a questionar a forma egocêntrica com que Gessinger conduzia a banda. Afinal, o vocalista passou a trocar a banda de apoio a cada dois ou três discos e foi o único da formação inicial a manter-se no grupo.

Nesses anos em que ficou afastado, Carlos Maltz continuou na memória dos fãs do Engenheiros, que nunca entenderam a sua saída. Maltz passou a estudar Astrologia Psicológica e, atualmente, é essa sua profissão. O ex-baterista possui um escritório em Brasília e cobra R$ 200,00 por consulta. A clientela, em sua maior parte, é formada por fãs da banda que pagam para ter o ídolo fazendo as suas previsões astrológicas.

Quanto à música, não deixou de compor. Recentemente lançou de forma independente o cd “Farinha do mesmo saco”. Em janeiro de 2007, Carlos Maltz trouxe à Maringá o seu show voz e violão em que cantou suas canções próprias e até algumas parcerias com Humberto Gessinger. O ponto alto da apresentação foi a música “Depois de nós”, gravada pelo Engenheiros do Hawaii no Acústico MTV e que contou com a participação especial de Maltz nos vocais.

A entrevista feita com ex-baterista durante sua passagem por Maringá foi imprevisível. Ele filosofou, criticou a sociedade, falou sobre o Engenheiros e mostrou que é e sempre foi um cara esperto. (Alexandre Gaioto)

Maltz, “Onde estão os caras que desmaterializavam moedas de dez mil reais”?

(risos) Desmaterializaram tudo e ficaram duros (risos)! Agora têm que fazer shows para ganhar dinheiro! Essa música está falando onde é que está aquele sonho? Onde estão aqueles caras que sonharam aquele sonho? Aqueles caras que acreditavam num mundo melhor? Fala sobre desilusão, da perda de um sonho. Mas, na verdade, quando a gente perde um sonho, a gente pode arrumar outro.

Essa música é importante porque fala sobre esse momento em que parece que não tem mais sonho nenhum no mundo. Esses dias eu estava falando para uma pessoa de quando eu era jovem e tinha o pôster do Che Guevara na parede do meu quarto e era uma coisa altamente subversiva, minha mãe tinha medo daquilo! Ela dizia: “Isso é perigoso!”. E aquela mesma imagem eu vi esses dias, numa revista, no biquíni da Gisele Bundchen. Achei aquela imagem muito interessante de como é que essas coisas foram trucidadas pela máquina materialista. Não vou dizer máquina capitalista, porque a máquina é materialista. O socialismo e o capitalismo são dois lados da mesma moeda, da moeda “coisa”. Estamos nós nesse momento vivendo o naufrágio, o sucateamento que é essa civilização “coisa”, que só tem “coisa” para nos oferecer. E estamos vendo ai como é que a “coisa” está ficando. Tem uma frase do Raul (Seixas) que é assim: “Do materialismo ao espiritualismo é sé uma questão dos recursos do primeiro terminarem”. Nós estamos próximos de vivermos esse momento. Não tem mais condição de sustentar o sistema “coisa” do jeito que ele é devorador da “coisa”. E isso é uma “coisa” que ali na frente vai ter um fim e a gente vai ter que achar outra “coisa” para poder sobreviver.

Estamos nesse momento de substituição de sonhos antigos por novos sonhos. Onde estão os caras? Nós precisamos achar um outro sonho. Nós tivemos uma série de sonhos que desmoronaram recentemente. O ano passado foi um ano de desmoronamento de sonhos, sonhos que a gente acreditava realmente. “Pô, quando essas pessoas chegarem, vai ser diferente”. Aí essas pessoas chegaram e fizeram do mesmo jeitinho. Mas isso até que foi bom, porque deu pra perceber que é tudo pessoa, é tudo gente. Com barba, ou sem barba, é tudo gente. Perdemos a noção do que é sonho, do que é transformação de nós mesmos.

E qual é o seu sonho?

O meu sonho é poder ficar vivo. Hoje em dia, você estar vivo já é uma coisa interessante (risos). Por exemplo, têm pessoas que praticam esporte radical. E eu digo, o que pode ser mais radical do que um cidadão morar no Rio de Janeiro e ficar vivo? Meu sonho pessoal é continuar tendo água pra beber e que as minhas filhas também tenham. Estou a fim de sobreviver, como diz “Cidade em chamas”, do Engenheiros. Meu sonho é esse, que a minha vida faça sentido pra mim.

Essa ideologia pelo bem da humanidade você levou para o seu show nas escolas. Como foram os shows nessas escolas?

Eu fiz uma série de Talk Shows nas escolas por uns dois ou três anos. Toquei muito em Brasília, e até no Rio Grande do Sul. Era um show para conversar com a galera. As pessoas perguntavam “Como é esse negócio do rock e de estar numa banda?”. Os mais diversos assuntos surgiam durante o show. Esses temas das conversas eu transformei no me livro “Sexo, Deus e rock and roll”. Fala sobre isso tudo que estamos falando na entrevista, sobre o final de uma era, o começo de outra era e tudo se passa num diálogo pela internet.

Os fãs do Engenheiros são muito fiéis, e sempre estão em diálogos na internet. É unânime: todos eles querem a sua volta. E todos acham Humberto Gessinger um egocêntrico.

(risos) Ele também acha! Essa pergunta é boa (risos)! Eu penso assim, esse negócio de volta não tem como. Nada volta. Se você se separar da sua namorada e mais pra frente você reencontrá-la, não é volta não. É um outro momento. Pode ser que a gente volte a tocar junto? Pode! Enquanto estiver eu, Humberto o Augusto (Licks, ex-baixista) estivermos vivos, a possibilidade existe. Mas eu não venho pensando nisso. Naquela época que a gente fez aqueles discos, eu tocava seis horas por dia, todos os dias! Eu tinha um estúdio na minha casa, no Rio, e ficava praticando. Depois saía e andava duas horas de bicicleta na beira da praia. Eu passava oito horas por dia dedicado exclusivamente à manutenção da forma para poder tocar da maneira que a gente tocava: alucinados e em trio. A gente não vai fazer isso hoje em dia. Mesmo porque eu tenho quarenta e cinco anos de idade, tenho filhos pra criar, uma série de outras coisas que faço da minha vida. O Humberto, egocêntrico? É pouco! Eu acho que ele até é meio autista! É outro problema, o furo é mais embaixo. Mas não acho isso nem ruim, nem bom. É a vida do cara.

E o fato dele levar o nome do Engenheiros?

Eu mesmo sugeri dele ficar com o nome do Engenheiros. Pensei assim, se alguém tem que ficar com o nome esse alguém é ele, não eu. Quem compôs as músicas, quem carregou aquele negócio nas costas foi ele. Hoje eu vejo que tomei a decisão acertada, porque a banda está aí até hoje. Humberto é um capricorniano típico. Ele vence pela perseverança, pela firmeza nas coisas, é cumpridor de seus deveres. É uma pessoa que pelo menos em dez anos que eu estive ao seu lado na estrada, nunca vi nenhuma vez meter chifre na mulher dele.

Vocês então foram roqueiros do bem?

Do bem mais ou menos, né? Porque veja bem, a pessoa que acha que é do bem, já está sendo do mal. O cara que diz que é do bem, já sabe que não se conhece bem. Todos somos mais ou menos. Mais ou menos do bem, mais ou menos do mal. Temos que escolher de que lado nós vamos ficar...às vezes, pode até ser que eu seja do bem. Venho pelejando pra ser cada vez mais do bem. Mas se eu disser que eu estou sendo do bem, já vou dizer que estou sendo do mal. Toda vez que eu me vejo no espelho, me pergunto: “Vem cá, rapaz, de que lado você está, ô, meu?”. Às vezes eu estou do lado do bem, mas não é cem por cento, porque se eu disser isso, vou dizer que sou mentiroso. Se você perguntar para um cara “Você é mentiroso?” e ele disser “Não”, você já sabe que ele é.

14 comentários:

Anônimo disse...

gessinger egocentrico??
vc conhece mesmo engenheiros do hawaii?
acho que vc não sabe a diferença do gessinger pro maltz, a banda sempre foi levada nas costar pelo gessinger, egocentrico ou não ele é a alma dos engenheiros do hawaii, absurdo vc falar isso!!!
me desculpe mas primeiro tente saber um pouco da banda. pra depois falar um absurdo deste...

Anônimo disse...

se eles se odiassem tanto assim... será que eles teriam gravado junto no acustico MTV??
se eles gravaram é pq nem é tçao egocentrico assim.. e se vc acha que o gessinger precisa o "selo" dos engenheiros pra continuar fazendo sucesso vc não sabe nada de música, o cara já tem carreira, a diferença dele pro resto dos cantores que vc acha que é cantor, é que ele não faz questão de agradar a critica, o compromisso dele é com os fãs e não com os babacas que criticam sem nem conhecer o trabalho deles...
por isso conheça engenheiros antes e não faça média com o entrevistado..

Anônimo disse...

Nossa cara nada a ver esta matéria dos Engenheiros. Você é de onde? da Terra? Acho que não né, se não não escreveria uma barbaridade dessas. Procure saber sobre a banda primeiro, para depois sair falando algo sobre tal. Estou adorando acomppanhar o blogg, porém, depois desta matéria desencantei. Nota 0 para vc cara.

Anônimo disse...

cadê a imparcialidade, meu jovem?

Anônimo disse...

Gostei da entrevista, mas faltou informar onde foi que aconteceu. O que o Maltz estava fazendo em Maringá?

jebar437 disse...

A entrevista aconteceu nos estúdios da Rádio Cesumar.
O show aconteceu no Tribo's Bar juntamente com a banda Esquerda Volver.

Anônimo disse...

o que ele veio fazer? você leu a matéria por inteiro? "Carlos Maltz trouxe à Maringá o seu show voz e violão em que cantou suas canções próprias e até algumas parcerias com Humberto Gessinger"

Anônimo disse...

amigo anônimo, neste caso, "se não" se escreve "senão"
você que é um cara tão culto deveria saber disso

Anônimo disse...

odiei

Anônimo disse...

cala boca César, foi no Fábrica v12 hauhauahuahuah

Anônimo disse...

Hehehehehhehe, muito bom, muito bommmmmmmm, "fala garoto, fala garota".

Anônimo disse...

Alexandre, Vocë lembra de mim ? ;* :*
Noites loucas aquelas, não acha?

Anônimo disse...

eeeeeeeee Alexandre, andou comendo coxinha, é?!

Anônimo disse...

nham nham coxiiiinha